Da Redação

A gigante brasileira JBS, maior produtora de carnes do mundo, enfrenta uma ação judicial nos Estados Unidos movida pela organização ambientalista Mighty Earth. A empresa é acusada de promover uma imagem falsa de compromisso com o meio ambiente ao divulgar metas de “emissões líquidas zero” até 2040 sem apresentar um plano concreto para atingir o objetivo.

O processo foi protocolado no Tribunal Superior do Distrito de Columbia, em Washington, e acusa a JBS de enganar consumidores por meio de “omissões materiais” sobre o real impacto ambiental de suas operações. A denúncia sustenta que a companhia teria se beneficiado financeiramente ao usar o discurso de sustentabilidade como ferramenta de marketing.

De acordo com Alex Wijeratna, diretor sênior da Mighty Earth, as declarações da JBS sobre se tornar “net zero” até 2040 são “enganosas e sem base técnica”. Ele argumenta que a empresa não apresentou evidências ou estratégias verificáveis para reduzir emissões em toda a cadeia produtiva, que envolve desmatamento e criação intensiva de gado.

A ação ocorre em um momento sensível para o setor, já que a COP30, conferência climática da ONU que será realizada no Brasil, se aproxima. Casos semelhantes vêm sendo movidos contra outras corporações internacionais, como a petrolífera francesa TotalEnergies, processada recentemente por alegações de práticas ambientais enganosas.

Em nota, a JBS negou as acusações e afirmou “rejeitar categoricamente” qualquer sugestão de que suas metas sejam falsas ou inconsistentes. A companhia declarou ainda que suas iniciativas são “guiadas pela ciência, transparência e responsabilidade”, destacando avanços mensuráveis na redução de emissões e na rastreabilidade da cadeia de suprimentos.

O embate jurídico também atinge o setor financeiro. A Mighty Earth apresentou uma queixa paralela contra o banco britânico Barclays, que teria ajudado a JBS a captar US$ 3 bilhões em títulos rotulados como sustentáveis em 2021. A ONG afirma que os papéis foram emitidos com base em metas ambientais “não verificáveis”, o que teria permitido à empresa obter condições de crédito mais vantajosas.

A JBS defende que todos os títulos estão atrelados a metas auditadas anualmente e publicadas de forma transparente. Já o Barclays e a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido não comentaram o caso.

O processo contra a JBS reforça o cerco global a corporações e instituições financeiras acusadas de “greenwashing” — quando o marketing ambiental mascara práticas que, na realidade, continuam contribuindo para a crise climática.