SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Exército de Israel anunciou nesta quarta-feira (29) que retomou o cessar-fogo na Faixa de Gaza, um dia após o governo do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, ordenar uma série de novos ataques aéreos no território.

A ofensiva matou ao menos 104 pessoas, segundo palestinos, e representa o episódio mais grave na região desde o estabelecimento da trégua. A Defesa Civil de Gaza, controlada pelo grupo terrorista Hamas, afirmou ter registrado ao menos três ataques aéreos desde terça (28).

O porta-voz da pasta, Mahmud Basal, afirmou à AFP que a situação é “catastrófica e aterrorizante”.

Israel realizou os ataques após acusar o Hamas de violar o acordo de paz. Tel Aviv argumentou que suas tropas primeiro foram alvo de disparos em Rafah, no sul de Gaza, enquanto faziam operações de engenharia.

Acrescentou ainda que elas estavam respeitando a chamada “linha amarela”, que demarca o recuo militar do país conforme estabelecido no acordo para a trégua. Segundo as forças israelenses, a facção usou atiradores de elite e um projétil antitanque na ação.

A facção palestina, por sua vez, disse estar comprometida com o cessar-fogo e negou ter responsabilidade sobre o episódio. Além disso, o Hamas anunciou o adiamento da entrega do cadáver de um refém israelense, prevista inicialmente para terça.

Apesar dos novos bombardeios, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assegurou que “nada vai ameaçar o cessar-fogo”. Em fala a jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One, a caminho da Coreia do Sul, o republicano defendeu o direito de Israel de atacar Gaza se algum soldado israelense for atingido.

De todo modo, os ataques desta terça evidenciam a fragilidade da trégua apesar dos esforços para encerrar o conflito, iniciado após o Hamas atacar comunidades no sul de Israel e matar cerca de 1.200 pessoas em 7 de outubro de 2023. Os atentados deram início à reação israelense, que matou mais de 67 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, também controlado pela facção.

Os questionamentos relacionados à manutenção do acordo aumentaram nos últimos dias com a acusação, feita pelos israelenses, de que o Hamas tem forjado a recuperação dos restos mortais de reféns.

Mais cedo nesta terça-feira, o gabinete de Netanyahu afirmou que o Hamas entregou, na véspera, um caixão com parte dos restos mortais de Ofir Tzarfati, cujo corpo já havia sido parcialmente recuperado pelo Exército, em vez de restos de reféns ainda não devolvidos. Tzarfati foi sequestrado durante o festival de música Nova, no qual 364 pessoas foram mortas nos ataques do 7 de Outubro.

O Fórum de Familiares de Reféns e Desaparecidos, principal associação de famílias dos sequestrados, acusou o Hamas de ter quebrado o acordo de cessar-fogo em vigor desde o último dia 10 e também pediu que o governo aja “com firmeza contra essas violações”.

Em virtude da primeira fase do acordo de cessar-fogo, o Hamas libertou em 13 de outubro os 20 reféns vivos que mantinha em Gaza. Dos 28 cadáveres de reféns que permaneciam em poder do Hamas, 15 foram devolvidos às autoridades israelenses e puderam ser velados por suas famílias.

O grupo terrorista afirma que ainda não devolveu os 13 restantes por estarem sob escombros de construções atingidas por bombardeios de Tel Aviv.