SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu um alerta sobre os riscos do consumo de glitter e pó decorativo feitos de plástico. Esses produtos têm gerado confusão entre consumidores e confeiteiros sobre quais são seguros para uso culinário.

Se no rótulo estiver descrito que ele é feito com PP (Polipropileno Micronizado) ou PTE (Polietileno Tereftalato), não deve ser usado em bolos e doces, apenas para a decoração de festas, afirma a agência.

A reportagem localizou anúncios na internet que tinham, na descrição do produto, a indicação de que ele seria comestível, apesar de ser feito de plástico.

A Iceberg Chef apresenta duas linhas de produto para dar brilho em festas: o pó decorativo comestível e o glitter, mas a semelhança entre os rótulos pode induzir o consumidor a erro. Após a polêmica, a empresa anunciou em rede social, nesta terça-feira (28), que decidiu retirar de linha todos os produtos que têm PP em sua composição.

A fabricante havia afirmado à reportagem, anteriormente, que a responsabilidade pela divulgação adequada das informações nos marketplaces é dos anunciantes e também que havia decidido adaptar seus rótulos com um selo vermelho na tampa dizendo ‘Confeitaria cenográfica. Não alimentício’.”

A reportagem procurou outras empresas como a Glitz e Flex Fest, que não comentaram até a publicação desse texto.

COMO ANALISAR OS RÓTULOS

Para identificar produtos seguros para o consumo, é fundamental observar no rótulo:

– A lista de ingredientes, que é obrigatória. Todos os aditivos devem estar autorizados para consumo humano;

– A denominação de venda, que é o nome oficial do produto. Exemplos: corante artificial para fins alimentícios ou açúcar para confeitar;

– Lote e data de validade;

– Declaração da ausência e presença de glúten;

– Advertências sobre alimentos que causam alergias alimentares, se for o caso.

Os aditivos autorizados e as respectivas condições de uso podem ser consultados no painel da Anvisa sobre aditivos alimentares.

O glitter decorativo tem um grânulo mais fino, porém ainda é como uma areia; ele brilha e reluz. O pó decorativo pode ter o efeito metalizado, o que é mais fácil de identificar, afirma a confeiteira Giuliana Gonelli, 28. Quando aplicado na cobertura de um bolo, por exemplo, fica liso, sem textura granulada. Existem ainda alguns pós decorativos que contêm glitter e têm o efeito aveludado, mas não são indicados para uso em alimentos. Se houver glitter neles, é possível identificar a textura de areia, diz.

ANVISA EMITIU ALERTA APÓS DENÚNCIA VIRALIZAR NAS REDES SOCIAIS

A polêmica veio à tona após denúncia de Dario Centurione, do canal Almanaque SOS, ter viralizado.

O criador de conteúdo gravou um vídeo em uma padaria, onde questiona se o brilho usado em bolos e doces era comestível. Ele afirma ter descoberto que o cupcake seria feito de polipropileno micronizado, um tipo de plástico utilizado na produção de embalagens e equipamentos automotivos.

A Anvisa afirma que sua atuação está voltada para a comercialização de alimentos e que não tem competência para regular materiais de papelaria, escolar ou decorativos. Para produtos alimentícios, há legislação sobre rotulagem, regras para a composição e os aditivos usados devem ter autorização.

O consumidor deve denunciar casos em que identificar a venda de produtos que se declaram com finalidade alimentícia, mas contêm ingredientes não aptos para consumo, como materiais plásticos. A denúncia deve ser registrada no órgão de vigilância sanitária mais próximo ou na própria agência, por meio de seus canais. O ideal é incluir imagem do rótulo completo, marca, instruções de uso, dados do fabricante/distribuidor, lista de ingredientes, lote e validade.