SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério da Defesa da Romênia informou nesta quarta-feira (29) que os Estados Unidos irão reduzir sua presença militar no Leste Europeu, começando por soldados que estão na base aérea Mihail Kogalniceanu, que fica no país vizinho à Ucrânia invadida pela Rússia.

“A decisão americana é de parar a rotação na Europa de uma brigada que tinha elementos em diversos países da Otan”, disse a pasta, acerca da aliança militar do Ocidente. O grupo dos EUA em questão estava presente na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.

A medida foi informada pelo governo de Donald Trump aos romenos nesta semana, e sugere uma mudança do padrão adotado pelo clube militar desde 2014, quando Vladimir Putin anexou a Crimeia e disparou alarmes por toda a Europa.

Trump já disse diversas vezes que pretendia deixar a defesa das fronteiras europeias com os europeus, que são 30 dos 32 membros da Otan, para focar em conter a China no Indo-Pacífico.

Mas até agora nada havia sido feito na prática, como em seu primeiro mandato, quando sugeriu retirar tropas da Alemanha, onde está o maior contingente americano no continente, 48 mil militares. Ao mesmo tempo, em setembro Trump havia dito que poderia aumentar suas forças na Polônia, que já é a segunda maior base europeia dos EUA, com 14 mil soldados.

Na Romênia, a presença flutua de 1.700 a 2.100 militares em três bases, a principal delas a unidade aérea, que está sendo reformada para tornar-se a maior da Otan —a meros 180 km da fronteira da Ucrânia. Ao menos metade do contingente deve sair, estima Bucareste.

No ano passado, o governo de Joe Biden desafiou Putin ao deslocar grandes bombardeiros B-52 para operar na base, dentro de um esquema de rotação na Europa. Em resposta, os russos atacaram posições ucranianas junto à fronteira, e os aviões acabaram indo embora antes do previsto.

Além dos países citados pela Romênia, a Otan tem brigadas multinacionais também na Eslováquia, Estônia, Letônia e Lituânia, esse último um país que recebeu a maior base alemã no exterior desde a Segunda Guerra Mundial.

As recentes incursões de drones russos na Polônia, avistamento de aviões-robôs suspeitos em diversos países e invasão de espaço aéreo na Estônia e Lituânia por caças de Moscou, elevaram a tensão na região e fizeram a Otan criar uma operação de reforço contra essa ameaça específica.

Caças e ativos como baterias antiáereas foram deslocados, mas a verdade é que a aliança não está pronta para lidar com a intrusão de enxames de drones, por exemplo, o que tem gerado bastante debate acerca de suas capacidades defensivas no ambiente moderno de guerra.

Os EUA ainda não comentaram o caso, e a Otan apenas disse que está “em contato próximo” com os americanos acerca da medida, que não é nem inédita nem inusual. O ministro da Defesa romeno, Ionut Mosteanu, disse em entrevista coletiva acreditar que a redução será compensada pelo reforço no envio de outras forças ao país.

Na Romênia, há ainda 4.000 soldados franceses, o triplo do que havia em 2024, e centenas de outros de membros de Otan. Não se espera a saída total dos EUA do país, já que na base de Devesul cerca de 250 soldados ajudam romenos a operar o sistema antimíssil Aegis Ashore, que desde 2016 visa proteger a Europa de ataques, ao lado de uma unidade similar na Polônia aberta ano passado.