SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão do atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), foi responsável por três das quatro operações mais letais na região metropolitana da capital desde janeiro de 2007.
Além da Operação Contenção, nos complexos de favelas do Alemão e da Penha que se tornou a mais letal na história fluminense, com 64 mortos confirmados até a noite desta terça-feira (28), Castro estava à frente do governo durante os massacres de Jacarezinho (2021) e Vila Cruzeiro (2022). Essas operações deixaram 28 e 23 vítimas, respectivamente.
Os dados são do Geni-UFF (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense), reúne informações sobre ações policiais realizadas na região desde 1989. Eles mostram que, desde que Castro assumiu o governo no fim de agosto de 2020, operações deixaram um total 1.886 mortos, o que inclui civis e policiais uma média 30 vítimas por mês.
Sob o governo de seu antecessor, Wilson Witzel (PSC), a letalidade no estado teve um patamar ainda mais alto o maior entre as quatro gestões que passaram pelo Palácio Guanabara. Witzel assumiu em janeiro de 2019 com a promessa de dar “tiro na cabecinha” de criminosos que portassem fuzil.
Nos 20 meses de sua gestão foram 104 chacinas com 904 mortos, uma média de 45 vítimas por mês, na contabilidade do Geni-UFF. O ano de 2019, o único em que Witzel governou de janeiro a dezembro, teve o recorde no número de mortos em chacinas policiais um total de 634 no período analisado. Castro era vice de Witzel, e assumiu o governo depois de seu afastamento.
Em 707 operações, houve um total de 7.343 vítimas. Para efeito de comparação, é como se 33 aeronaves do modelo Airbus A320 um dos modelos comerciais mais usados no país com máxima capacidade tivessem sofrido acidentes sem deixar sobreviventes num período de 18 anos.
Do total de mortos nesta terça, ao menos 60 são apontadas pela polícia como suspeitos. Além disso, dois policiais civis e dois policiais militares também morreram na ação. O número exato de mortos pode crescer. Algumas comunidades ainda tinham tiroteios mesmo 12 horas após o início das incursões da polícia.
No massacre do Jacarezinho, que tornou-se a segunda operação policial mais letal da história do estado do Rio de Janeiro após os confrontos desta terça-feira, as investigações terminaram sem elementos suficientes para confirmar o que se passou na maioria das mortes.
Do total de 28 mortes, os inquéritos sobre 24 foram arquivados. Os outros quatro casos motivaram denúncias contra agentes de segurança.
O promotor André Luís Cardoso, que coordenou o grupo formado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para investigar a operação, afirmou um ano depois que não foi possível confirmar que houve legítima defesa dos policiais na maior parte dos casos.
Nesta terça, corpos de vítimas foram fotografados na caçamba de um carro da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) da Polícia Civil, indicando que eles foram retirados dos locais de ocorrência sem que o local fosse periciado.
Como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, às 18h ainda havia confrontos numa área de mata na região da Vacaria, uma área extensa de mata que liga os complexos do Alemão e da Penha. Policiais disseram que havia corpos espalhados na mata e não era possível realizar a remoção pela falta de perícia, impedida de chegar ao local pela troca de tiros.




