RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), publicou na noite desta terça-feira (28) uma foto com dezenas de fuzis apreendidos durante a operação que deixou 64 mortos, entre eles quatro policiais. A ação é considerada a mais letal do estado.

“O Rio de Janeiro termina o dia com uma imagem que fala por si: mais de 100 fuzis apreendidos pelas Polícias Civil e Militar. Depois disso, alguém ainda duvida que nossas forças de segurança estão fazendo sua parte?”, escreveu o governador nas redes sociais.

Deflagrada após mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento, a operação teve como alvo lideranças do Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da cidade.

Apesar da declaração de Castro, o balanço do governo aponta que ao todo, 93 fuzis foram apreendido, além de mais de meia tonelada de drogas.

Ainda segundo a gestão estadual, 81 suspeitos foram presos, entre eles Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, apontado como braço direito de Edgar Alves de Andrade, o Doca, uma das principais lideranças do Comando Vermelho. Também foi detido Nicolas Fernandes Soares, operador financeiro ligado a Doca.

Também foram cumpridos centenas de mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça com base em inquéritos da Delegacia de Repressão a Entorpecentes.

O governo estadual disse que a operação é a maior da história do Rio, com cerca de 2.500 agentes civis e militares mobilizados, e o apoio do Ministério Público.

O governo Lula autorizou nesta terça-feira a transferência de presos ligados ao CV para presídios federais de segurança máxima, no mesmo dia da megaoperação. Castro havia solicitado dez vagas ao governo federal para o envio das lideranças da facção criminosa.

Em nota, o governador afirmou que o estado “não vai tolerar conivência nem complacência com o crime” e defendeu o isolamento de quem continuar comandando ações criminosas de dentro dos presídios.

O governador se reunirá nesta quarta-feira (29) com a cúpula da Segurança Pública para tratar dos resultados da operação. Em seguida, ele deve conversar por vídeo com governadores de outros estados para discutir ações integradas de combate ao crime organizado.

Apesar do tom de comemoração do governo, ao longo do dia, moradores relataram medo, ruas bloqueadas e dificuldade de deslocamento.

Durante a manhã, criminosos usaram drones para lançar explosivos contra as equipes policiais e a população da Penha, numa tentativa de retardar o avanço das forças de segurança.

O governo do estado afirmou que as forças policiais usaram câmeras corporais, drones e 32 veículos blindados. Ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate deram suporte durante a ação.

Houve tiroteios que se estenderam por mais de 12 horas e represálias com bloqueios em vias importantes, como a Linha Amarela e a avenida Brasil.

Em razão dos ataques, o Centro de Operações e Resiliência da Prefeitura do Rio elevou o estágio operacional da cidade para o nível 2, e a Polícia Militar colocou todo o efetivo nas ruas, suspendendo atividades administrativas.

Por volta das 19h40, som de tiros ainda eram ouvidos nos complexos do Alemão e da Penha.