SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Governo do Rio de Janeiro pediu ao Ministério da Defesa fornecimento de veículos blindados e apoio logístico da Marinha para intervenções policiais em áreas consideradas de risco.

O pedido faz parte de um ofício assinado em 28 de janeiro pelo governador Cláudio Castro (PL) e endereçado ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, a que a reportagem teve acesso.

No documento, Castro cita um outro ofício que teria sido mandado pela Secretaria de Estado de Polícia Civil para solicitar a cooperação.

Em resposta, Múcio assina um ofício endereçado ao governador passando o contato do general de Divisão Alcio Alves Almeida e Costa, vice-chefe de operações conjuntas.

Castro afirmou nesta terça-feira (28) que teve negados três pedidos para que as Forças Armadas ajudassem em operações policiais no estado, criticou o governo Lula (PT) e chamou de maldita a ADPF 365, determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental impôs medidas durante a pandemia, como autorização para operações policiais apenas em casos urgentes. A determinação atendia a um pedido do PSB (Partido Socialista Brasileiro).

Castro e o núcleo de Segurança Pública do estado afirmam que, graças a essa decisão do Supremo, lideranças do tráfico de outros estados foram para o Rio de Janeiro.

Uma ação policial realizada nesta terça deixou ao menos 64 pessoas mortas no Rio de Janeiro, na operação mais letal da história do estado. Segundo o governo, as forças de segurança atuam nos complexos do Alemão e da Penha contra a expansão territorial do Comando Vermelho.

Até agora, a operação mais letal da história do Rio era o massacre do Jacarezinho, em maio de 2021, com 28 mortos, entre eles um policial. Três das quatro ações mais violentas da história fluminense foram realizadas sob Castro.

Em nota nesta terça, o Ministério da Defesa afirmou que a solicitação do governo do Rio de Janeiro só poderia ser atendida no contexto de um GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e que para isso seria necessário um decreto assinado pelo presidente Lula.

No texto, a pasta federal confirma que o governo do Rio encaminhou ofício solicitando o apoio logístico da Marinha (em janeiro de 2025), por meio do fornecimento de veículos blindados e que o pedido foi submetido à análise da AGU (Advocacia-Geral da União).

Mas, segundo o ministério, o ofício estava relacionado um episódio ocorrido em dezembro de 2024, quando uma capitã de Mar e Guerra da Marinha morreu ao ser atingida por uma bala perdida no Hospital Naval Marcílio Dias.

“Naquele momento, a Marinha posicionou veículos blindados no perímetro do hospital, respeitando o limite legal de 1.400 metros em torno de instalações militares, medida voltada à segurança da área e dos militares”, diz o Ministério da Defesa.

“A AGU emitiu parecer técnico indicando que a solicitação do Governo do RJ somente poderia ser atendida no contexto de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem, o que demandaria decreto presidencial”, afirma o texto.

Em 12 de dezembro do ano passado, blindados da Marinha circularam no entorno do Hospital Naval Marcílio Dias, localizado no bairro Lins de Vasconcelos, na zona norte, dois dias depois de a oficial médica Gisele Mendes, 55, morrer após ser atingida por uma bala perdida enquanto trabalhava na unidade.

Em nota, a corporação informou na época que a operação tinha o “intuito de garantir a segurança da tripulação e dos usuários do Hospital Naval Marcílio Dias” e que a ação seria mantida por tempo indeterminado.

De acordo com a Marinha, 250 militares iriam atuar no entorno do hospital, com apoio de 18 veículos do Corpo de Fuzileiros Navais, como viaturas blindadas Piranha e carros Lagarta Anfíbio.