RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Disparos ainda são ouvidos nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, após 12 horas desde o início da operação policial nesta terça-feira (28).

Os disparos se concentram na região da Vacaria, uma área extensa de mata que liga os dois complexos. Nela, ocorrem os chamados tribunais do tráfico perpetrados por Edgar Alves, o Doca, líder do Comando Vermelho procurado na ação.

Também foi nela que ocorreram todas as mortes da agora operação mais letal do estado.

Moradores ainda são revistados ao tentar entrar ou sair das comunidades e mototaxistas são proibidos de circular para fora das favelas.

Traficantes que dizem estar encurralados na mata ligaram para a Folha. O número de telefone da reportagem foi passado a eles por parentes.

Eles afirmaram que não se entregariam. Alguns deles estão desarmados e disseram que têm medo de serem mortos. Muitos deles são menores de idade.

Segundo policiais, há corpos espalhados na mata e ainda não é possível realizar a remoção pela falta de perícia, impedida de chegar pela troca de tiros.

A ação policial deixou ao menos 64 pessoas mortas no Rio. Segundo o governo Cláudio Castro (PL), as forças de segurança atuam nos complexos do Alemão e da Penha contra a expansão territorial do Comando Vermelho.

Do total de vítimas desta terça, ao menos 60 são apontadas pela polícia como suspeitas de serem criminosas. Além disso, dois policiais civis e dois policiais militares também morreram na ação. O número exato de mortos ainda está sendo contabilizado. Juntos, o Alemão e a Penha abrigam 26 comunidades.

A megaoperação policial tenta cumprir 69 mandados de prisão em 180 endereços. Até a tarde desta terça, 81 pessoas foram presas, e 72 fuzis foram apreendidos. Além dos mortos, há seis baleados –três deles não são considerados suspeitos pela polícia, incluindo uma mulher que estava em uma academia.

Em resposta à operação, o Comando Vermelho ordenou o fechamento de ruas, e mais de 50 ônibus foram roubados. Com isso, diversas vias foram bloqueadas, e parte da cidade parou.

“Essa operação de hoje tem muito pouco a ver com segurança pública. É um estado de defesa. Não é mais só responsabilidade do estado, excede as nossas competências. Já era pra ter um trabalho de integração com as forças federais. O Rio está sozinho”, afirmou o governador.