SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prejuízo médio das vítimas de golpes digitais chegou a R$ 2.540 em 2025, um aumento de 21% em relação ao ano anterior, segundo a terceira edição da pesquisa Golpes com Pix, realizada pela empresa de inteligência antifraude Silverguard.

O levantamento, divulgado nesta segunda-feira (27), mostra que idosos são os mais afetados (30,8% dos casos). Pessoas com 60 anos ou mais perdem, em média, R$ 4.820 -cinco vezes o valor correspondente aos jovens de 18 a 24 anos, que têm prejuízo médio de R$ 964.

O golpe mais comum entre esse público continua sendo o do pedido de dinheiro, no qual criminosos se passam por filhos ou familiares em aplicativos de mensagem, geralmente com número e foto clonados. Esse tipo de fraude responde por 21% dos casos entre idosos.

O estudo foi conduzido em três fases. Primeiro, a Silverguard obteve, via LAI (Lei de Acesso à Informação), dados de 2024 e 2025 do Banco Central sobre o uso do MED (Mecanismo Especial de Devolução), sistema criado pelo Banco Central em 2021 para bloquear e restituir valores enviados via Pix em casos de golpe.

Em seguida, analisou 12.197 denúncias de vítimas atendidas pela Central SOS Golpe, da Silverguard. O recorte do perfil demográfico, segundo a empresa, foi selecionado com base na distribuição da população brasileira. A última etapa reuniu entrevistas com especialistas em prevenção a fraudes no Brasil e no exterior.

O estudo revela uma mudança no destino do dinheiro roubado. Se antes os valores iam para contas de pessoas físicas, 65% dos golpes agora terminam em contas de empresas (PJ) -principalmente de sociedades limitadas (Ltda). Em 2024, essa fatia era de 42%.

A Silverguard aponta essa migração como sinal de “profissionalização do crime digital”, que passou a se disfarçar em estruturas empresariais e intermediários de pagamento, dificultando bloqueios e investigações.

A pesquisa também identifica a concentração dos golpes nas plataformas da Meta (WhatsApp, Instagram e Facebook), que respondem juntas por 64% das ocorrências. O WhatsApp lidera com 29,6%, seguido por Instagram (21,4%) e Facebook (13,1%). A empresa não se pronunciou até a publicação desse texto.

Em seguida vêm o Telegram (11,8%), cujo uso em fraudes cresceu 61%. O aplicativo diz que remove ativamente fraudes e golpes assim que são identificados. “Como resultado da moderação, milhões de conteúdos prejudiciais são banidos todos os dias, incluindo golpes”, afirma.

O Google (9,7%) está logo abaixo, com golpes que aparecem por meio de anúncios e resultados de busca falsos. A big tech diz ter políticas de publicidade que todos os anunciantes devem seguir, e que removeu mais de 200 milhões de anúncios e suspendeu mais de 1 milhão de contas no ano passado. “Usamos uma combinação de revisão humana e inteligência artificial para identificar possíveis violações e aplicar nossas políticas”, diz.

Apesar de representarem apenas 1,8% dos casos, ligações telefônicas causam o maior prejuízo médio, de R$ 6.200 por vítima -um terço delas envolve spoofing, quando o golpista usa um número conhecido para enganar o usuário.

Os golpes mais comuns continuam sendo as compras falsas em perfis ou lojas inexistentes (42,9%), seguidos por falsas oportunidades de emprego e renda extra (12,5%) e promessas de investimento ou multiplicação de dinheiro (12,2%).

A incidência varia conforme a idade: entre menores de 18 anos, 59% caíram em golpes de compra, enquanto entre os idosos predominam pedidos falsos de ajuda ou empréstimo (22%) e promessas de benefícios inexistentes (16,5%).

Alagoas lidera o ranking de prejuízo por golpe (R$ 3.370), seguida por Espírito Santo (R$ 2.890) e Roraima (R$ 1.880). São Paulo, maior mercado financeiro do país, tem média de R$ 1.600 por vítima.

Enquanto nas classes A/B o prejuízo médio chega a R$ 10.500 -67% acima de 2024-, nas classes D/E a média é de R$ 1.500. Por tipo de vítima, pessoas jurídicas registraram perdas médias de R$ 5.200, o dobro do observado entre pessoas físicas.