SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, acusou o grupo terrorista Hamas de violar o cessar-fogo estabelecido há mais de duas semanas e ordenou, nesta terça-feira (28), que o Exército israelense faça “ataques poderosos” contra a Faixa de Gaza.
O Exército afirma que equipes de operações de engenharia em Rafah, no sul do território palestino, foram alvo de um atirador e de projéteis antitanque. Segundo Tel Aviv, eles estavam além da chamada “linha amarela”, que demarca o recuo militar israelense conforme estabelecido com o acordo para a trégua.
As ações irritaram Netanyahu, que teria tomado a decisão de reiniciar os ataques de forma imediata após consultas a autoridades de defesa. Em resposta, o braço armado do Hamas afirmou que vai postergar a entrega do corpo de um refém que estava prevista para quinta-feira (30).
Minutos após a determinação de Netanyahu, a Defesa Civil de Gaza, controlada pelo Hamas, afirmou ter registrado pelo menos três ataques aéreos contra o território palestino. De acordo com testemunhas e a mídia local, mencionadas pela agência de notícias Reuters, as ofensivas atingiram uma área perto de um hospital em funcionamento no norte da faixa. Não há informações sobre mortos ou feridos.
Ao jornal israelense The Jerusalem Post, um funcionário do governo de Netanyahu afirmou que a resposta seria “mais significativa” do que da última vez em que Tel Aviv acusou o Hamas de violar o cessar-fogo e fez uma série de ataques a Gaza.
No último dia 19, o Exército israelense afirmou que equipes tinham sido novamente alvo de ataques, também no sul do território, e anunciou a morte de dois soldados. Na ocasião, o Hamas negou ter conhecimento de qualquer ação no local.
Aquele episódio foi o primeiro grande teste ao acordo de cessar-fogo costurado pelo presidente americano, Donald Trump, e países muçulmanos. Israel respondeu com ataques pontuais e, algumas horas depois, afirmou que voltaria a respeitar a trégua.
O trato, de todo modo, mostrou sua fragilidade apesar dos esforços internacionais para encerrar o conflito, que já passa de dois anos, desde que o Hamas atacou comunidades no sul de Israel e matou cerca de 1.200 pessoas em 7 de outubro de 2023. Os atentados deram início à reação israelense, que deixou mais de 67 mil palestinos mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, órgão também controlado pela facção.
Mais cedo nesta terça, o gabinete do premiê havia afirmado
Tzarfati foi sequestrado no festival de música Nova, no qual 364 pessoas foram mortas nos ataques do 7 de Outubro. Segundo o governo, uma parte dos seus restos mortais já havia sido recuperada em uma operação militar há aproximadamente dois anos na Faixa de Gaza.
Netanyahu afirmou que faria uma reunião para tratar sobre uma possível resposta. Ministros extremistas, caso de Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional), pediram que o premiê adote postura dura posição que, somada à acusação de ataques ao Exército, parece ter prevalecido.
O Fórum de Familiares de Reféns e Desaparecidos, principal associação de famílias dos sequestrados, acusou o Hamas de ter quebrado o acordo de cessar-fogo em vigor desde o último dia 10 e também pediu que o governo aja “com firmeza contra essas violações”.
O Hamas, por sua vez, afirmou que estava cumprindo os termos do acordo para a trégua e acusou Netanyahu de procurar desculpas para se eximir de suas obrigações.
O impasse aumenta as tensões na região e estica ainda mais a corda do plano de paz, que corre risco de ruir após acusações de violações de ambas as partes. Pelo acordo, o Hamas libertou todos os reféns vivos em troca de quase 2.000 prisioneiros palestinos detidos durante a guerra, enquanto Israel recuou suas tropas e suspendeu sua ofensiva.
Dos 28 cadáveres de reféns que permaneciam em poder do Hamas, 15 foram devolvidos às autoridades israelenses e puderam ser velados por suas famílias. O grupo terrorista afirma ter dificuldade de recuperar os 13 restantes sob o argumento de que os corpos estão sob escombros de construções atingidas por bombardeios de Tel Aviv.
No domingo (26), o governo de Israel anunciou que autorizou equipes da Cruz Vermelha e do Egito a entrarem em Gaza e procurarem os corpos de reféns mortos em regiões além da “linha amarela”.
As buscas se intensificaram com a chegada das máquinas. Nesta terça, escavadeiras trabalhavam em Khan Yunis, no sul de Gaza, e também em Nuseirat, mais ao norte, enquanto membros mascarados do Hamas faziam a segurança da área. Acredita-se que parte dos corpos esteja na rede de túneis construída pelo Hamas, que se estende sob todo o território.
Já na Cisjordânia, território ocupado militarmente por Israel, forças de segurança israelenses mataram três palestinos nesta terça-feira. O Hamas afirma que dois deles eram integrantes da facção.
Segundo o Exército de Israel, os militares atiraram contra palestinos que supostamente planejavam ataques na área do campo de refugiados de Jenin. A cidade serve de base para o Jihad Islâmico, uma facção terrorista aliada do Hamas.




