SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Jovens ambientalistas e coletivos em defesa da natureza foram reconhecidos na quinta-feira (23) na cerimônia da primeira edição do Prêmio Chico Vive. Realizado pelo Estúdio Escarlate no Teatro Cultura Artística, em São Paulo, o concurso destacou símbolos de resistência e inovação em seus territórios.

Cada um dos seis vencedores entre os 18 finalistas representou um bioma brasileiro no palco que se transformou em espetáculo cênico-musical com apresentação de Aline Midlej e Bruno Gagliasso.

“Chico Mendes falava sobre a importância da floresta quando ninguém acreditava”, afirmou Gagliasso sobre o seringueiro assassinado em Xapuri, no Acre, em 1988.

A família Mendes subiu ao palco em um dos momentos mais marcantes da noite, em um palco com projeções de rios, campos, florestas e até da casa onde viveu o ambientalista.

“Ver tantos jovens seguirem os passos de meu pai é a prova de que Chico vive, em cada luta, em cada comunidade que protege a vida”, afirmou Ângela Mendes, filha mais velha e presidente do Comitê Chico Mendes, ao lado da mãe Ilzamar e dos irmãos Elenira e Sandino.

Da amazônia, Darlon Neres foi o vencedor com o projeto Guardiões do Bem Viver, que reúne jovens paraenses na defesa do território e dos modos de vida tradicionais. Da caatinga, Anne Caroline Verdeiro Mendes venceu com o projeto Biocaa, que aumenta a eficiência de biodigestores com fungos endofíticos adaptados ao semiárido.

O cerrado foi representado por Jonata Vieira Barbosa com Meninos do Katendê, projeto socioambiental mineiro que combate nutricídio, racismo ambiental e desmatamento. Do pantanal, Juvelino Albuquerque venceu com o projeto Semeadores do Bem Viver, que cultiva e planta mudas contra o desmatamento e as queimadas.

Pamela Mércia foi a voz da mata atlântica com a iniciativa Todos Juntos Ninguém Sozinho com letramento racial, ambiental e climático. E, pelo pampa, Renata Silva Padilha, líder do movimento Eco Pelo Clima, venceu ao engajar jovens em campanhas contra mineração e desmatamento.

No voto popular, Joaquim Soares Bio Neto foi o vencedor ao propor uma planta típica como alternativa ecológica e acessível para o tratamento de águas impuras.

Os premiados, em sua maioria pessoas negras e indígenas, receberam R$ 50 mil para investir em seus projetos, consultoria da Plataforma Chico Vive e integração à rede de ativistas formada a partir da premiação.

Com direção artística de Rafael Dragaud e produção de Joana Henning, idealizadores do prêmio, a cerimônia foi conduzida pelo pianista e compositor Jonathan Ferr, que uniu ritmos da floresta e batidas urbana, e performances da atriz Gleici Damasceno e do ator Adanilo Reis.

“Vivemos um espetáculo cultural que celebrou uma juventude engajada, posicionada e articulada, que doa sua vida por um território melhor para se viver”, diz Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate.

“Com nossa linguagem, tentamos contribuir com todos os esforços para mover corações e mentes para atualizar o legado de um grande herói brasileiro, alguém da estatura de Gandhi, Martin Luther King e Mandela”, diz Rafael Dragaud, diretor artístico do prêmio.

A cerimônia, descrita por ambos como um espetáculo sensorial, foi também um espaço de encontro entre ativistas, artistas e líderes de comunidades tradicionais.

Com 534 projetos inscritos, a premiação reconheceu ambientalistas entre 15 e 35 anos e coletivos que se destacaram no engajamento socioambiental, na promoção de direitos humanos e na construção de um futuro mais sustentável. Entre os critérios estavam continuidade histórica, coletividade, resiliência, mobilização, compromisso com a natureza e inovação.