PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Administrar bem o pesado calendário do tênis tem sido importante na boa fase do brasileiro João Fonseca. Foi a análise feita por ele na entrevista concedida após a vitória por 2 sets a 1 (5/7, 6/4 e 6/3) sobre o canadense Denis Shapovalov, em sua estreia no Masters 1000 de Paris.

“Este ano foi o meu primeiro ano jogando o grande tour. Então, eu e minha equipe tentamos nos concentrar muito em quais semanas jogaríamos e em quais não jogaríamos, para nos concentrar mais no físico e na mentalidade”, afirmou.

Fonseca minimizou o desconforto que sentiu na região lombar durante o jogo, que exigiu atendimento médico, e disse estar em boas condições para enfrentar o russo Karen Khachanov na segunda rodada, na noite desta quarta (29). Número 14 do ranking, Khachanov foi campeão do torneio em 2018.

O carioca de 19 anos disse que só cumprirá a promessa de passar a máquina zero nos cabelos após a temporada, porque vai ficar “muito feio”. Ele disse que se livraria das madeixas em caso de título na turnê europeia e conquistou o ATP 500 da Basileia no último domingo (26).

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PERGUNTA – Como se sente com a rápida mudança em relação a Basileia e como achou a atmosfera na quadra 1?

JOÃO FONSECA – Foi uma ótima experiência hoje, depois de vencer um torneio e mudar a mentalidade para outro torneio, outro grande torneio em que eu precisava jogar o meu melhor, porque o cara com quem joguei está entre os 25 melhores. Na semana passada, fizemos uma boa luta. Então, eu sabia que precisava jogar o meu melhor.

O primeiro set foi um pouco mais disputado, ele conseguiu um break, estava devolvendo bem, jogando bem. Consegui um break logo no início do segundo set, onde me senti um pouco mais confiante, acho que essa foi a virada do jogo. Estou muito feliz com a forma como me mantive mentalmente neste jogo depois de, como você disse, uma boa semana. A semana passada foi boa, então mudar a mentalidade foi bom hoje.

P – Pode nos atualizar sobre a lesão nas costas? Como você está se sentindo agora?

JF – Estou me sentindo bem. A tensão é assim, semana após semana você precisa mudar a mentalidade e vai haver algum pequeno desconforto, pequenas lesões. Senti um pouco nas costas, um pouco mais de tensão, mas me sinto bem. Nada que um bom fisioterapeuta não consiga resolver em um dia. Acho que amanhã vai ser ótimo, já estou me sentindo melhor. Amanhã será outro bom dia, e vou lutar até o fim.

P – Você joga a próxima partida contra Karen Khachanov. Tem alguma expectativa?

JF – Todos sabemos que ele é um bom jogador. Ele pode vencer qualquer um, sabe como jogar nesse tipo de torneio, tem muita experiência. Será nosso primeiro confronto, estou animado para jogar contra ele. Trabalhamos muito para jogar contra esses caras, então vou dar tudo de mim na partida de amanhã.

P – Provavelmente você aprendeu muito este ano sobre o calendário, parece que você conseguiu administrá-lo muito bem com seu entorno para chegar ao final de outubro, novembro.

JF – Este ano foi o meu primeiro ano jogando o grande tour. Então, eu e minha equipe tentamos nos concentrar muito em quais semanas jogaríamos e em quais não jogaríamos, para nos concentrar mais no físico e na mentalidade. Não fomos para a Ásia porque eu estava doente, mas também por causa da minha mentalidade e do meu físico, e não fomos porque eram muitas coisas: a Copa Davis, a Laver Cup, eu estava indo diretamente para a Ásia e me senti um pouco mais adoentado.

Não fui para Xangai também e comecei a jogar em quadras cobertas. Semana após semana são muitas coisas, mas é meu primeiro ano, não posso reclamar. Estou apenas aproveitando muito a turnê, mas vejo muitos jogadores dizendo que às vezes é demais. Este ano sabíamos que seria muito intenso e nos concentramos em quais semanas jogaríamos ou não.

P – Parece que, em todos os lugares em que atua, você joga diante de uma torcida local, especialmente em Paris. Como é jogar com uma torcida assim sempre ao seu lado? É uma pressão extra ou é melhor?

JF – Quando eu era mais novo, sentia muito mais pressão quando jogava com uma torcida ao meu lado, mas hoje em dia adoro jogar com eles. O apoio deles me ajuda muito a manter o foco na partida, e, quando as coisas estão ruins ou boas, eles estão lá para torcer. Adoro jogar com a torcida. Sei que em todos os lugares que vou há brasileiros, e isso é muito legal. Adoro representar meu país. É um prazer representá-los e saber que em todos os lugares a que vou, em todas as partidas que jogo, há brasileiros torcendo.

P – Você está sacando muito bem, 224 km/h, 221 km/h. Queria saber se você mexeu alguma coisa no seu saque, se tem a ver com a quadra coberta, algum outro fator.

JF – A gente tem focado muito o saque desde o começo do ano. É uma das coisas mais importantes no tênis. Temos trabalhado bastante aqui no indoor, que é um fator muito grande. As entradas nos pontos, tanto o saque quanto a devolução, temos trabalhado muito. E mudamos ali depois de Bruxelas, que foi um jogo em que eu falhei bastante no meu saque. Acho que não teve uma mudança muito grande de técnica, acho que foi mais treino, treino e treino.

P – Sobre a promessa [de cortar o cabelo a máquina zero], todo o mundo quer saber quando você vai cumprir.

JF – Vou cumprir, tanto que eu até falei para a câmera [no domingo], para eu cumprir, porque eu já me conheço. Se eu não tivesse falado, sem todo o mundo me cobrando, eu provavelmente procrastinaria nisso. Mas eu já combinei com meus treinadores que eu vou fazer quando acabar a temporada. Que eu vou estar de férias, não vai ter televisão, provavelmente eu vou postar para todo o mundo. Mas eu vou ficar feio. Então, eu não vou estar jogando nenhum torneio na época.

P – E alguma outra promessa?

JF – Nenhuma promessa, não tem nenhuma promessa.

P – Aqui em Paris, tem sempre um assédio grande, no bom sentido, em torno dos brasileiros, pelo que Gustavo Kuerten fez aqui. Como você, tão jovem, lida com tudo o que rola fora de quadra?

JF – Eu acho muito legal a torcida ao meu favor. Ter tanto os brasileiros quanto pessoas de outros países torcendo para mim é uma honra. Vendo crianças gritando meu nome, até mesmo adultos, eu acho muito legal. E ajuda bastante durante a partida, no suporte, quando as coisas estão ruins, quando as coisas estão boas. Eles estão lá para me ajudar, para me mandar energia. Eu me sinto muito bem atualmente dentro de quadra quando a torcida está ao meu favor. E boa parte do tempo está ao meu favor. Eu sou muito grato por isso.

Mas Paris é especial por causa do Guga?

Paris… Cara, obviamente Roland Garros é diferente. Por conta do Guga mesmo. É um Grand Slam. Tudo bem, é um Grand Slam, mas tenho mais o peso ali pelo fato do Guga ter ganhado três vezes. Acho que é mais o Roland Garros mesmo. Não Paris em si, mas Roland Garros.