SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O advogado da influenciadora Aline Bardy Dutra, conhecida nas redes sociais como “Esquerdogata”, presa por suspeita de injúria racial contra policiais em Ribeirão Preto (SP), disse que ela sofre de alcoolismo e que vai se tratar.
O QUE ACONTECEU
Prisão fez Aline “entender que ela precisa se tratar do alcoolismo”, segundo o advogado Roberto Bertholdo. A defesa da influenciadora afirmou que, no momento, “ela não está em condições de falar por si própria”, mas que buscará ajuda médica para tratar o vício em bebidas alcoólicas.
Bertholdo destacou que o “surto” que levou à prisão de Aline foi resultado da “mistura de três fatores”. Os fatores elencados pela defesa são “álcool, remédios controlados e medo da polícia de São Paulo”.
Defesa ressalta que “isso não exime a responsabilidade da Aline”. Porém, salienta que o “surto [dela foi] causado pelo medo que ela sente da polícia”.
A Aline está muito envergonhada do que fez e quer pedir desculpas aos seguidores e aos policiais, porque ela não tem nada de racista. Ela sofre de alcoolismo e precisa se tratar.Roberto Bertholdo, advogado da ‘esquerdogata’
ENTENDA O CASO
Aline foi detida ao gravar abordagem de policiais em rua no centro de Ribeirão Preto. Segundo relatório de ocorrência, ela teria cometido injúria racial ao falar da forma como os PMs agiram. Caso foi no sábado.
Vídeos mostram a mulher perguntando mais de uma vez quantos seguidores os militares tinham. Nos registros de testemunhas, ela diz que tem um milhão de seguidores, afirma que é militante e chama os policiais de “fascistinhas”.
“Isso vai me fazer deputada federal, você sabia disso, né?”, afirmou a influenciadora. Ela foi algemada e colocada no camburão, sendo levada à delegacia e autuada por desacato, resistência e preconceito de raça e cor. Aline foi liberada após audiência de custódia.
Aline também fala que o salário dos policiais é baixo e compara: “Minha sandália vale o carro de vocês”. Ela ainda pergunta se os PMs já foram à Europa e diz que eles não sabem conjugar verbos.
Mistura de álcool com remédios controlados e “pânico provocado pela conduta da PM” causaram excessos, afirma a defesa. Em nota, o advogado de Aline afirmou que ela está em casa e “se recuperando do incidente, sentindo-se muito constrangida com todo o ocorrido”.
Aline disse não se lembrar, mas que viu vídeos do fato e “se encontra emocionalmente devastada”. A defesa informou que não teve acesso ao contexto da ocorrência nem ao vídeo completo do fato.
Esta não é a primeira vez em que Aline é processada por casos envolvendo policiais. Em 2022, ela foi condenada por resistência e desobediência, também em Ribeirão Preto. O processo está em fase de recurso.
A influenciadora tem 800 mil seguidores no Instagram e se apresenta como “comunicadora popular” na rede. Ela usa as redes sociais para comentar polêmicas envolvendo a esquerda e também participa de lives com outros influenciadores.
Ela também tem uma loja virtual, onde vende camisas, canecas e moletons com frases progressistas. Entre os objetos anunciados estão camisas com o rosto do presidente Lula e com a frase “o amor venceu”, usada durante a campanha do presidente em 2022.
RACISMO X INJÚRIA RACIAL
A Lei de Racismo, de 1989, engloba “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. O crime ocorre quando há uma discriminação generalizada contra um coletivo de pessoas. Exemplo disso seria impedir um grupo de acessar um local em decorrência da sua raça, etnia ou religião.
O autor de crime de racismo pode ter uma punição de 1 a 5 anos de prisão. Trata-se de crime inafiançável e não prescreve. Ou seja: no caso de quem está sendo julgado, não é possível pagar fiança; para a vítima, não há prazo para denunciar.
Já a injúria racial consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem a fim de atacar a dignidade de alguém de forma individual. Um exemplo de injúria racial é xingar um negro de forma pejorativa utilizando uma palavra relacionada à raça.




