SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A preocupação da população com as mudanças climáticas cresceu no Brasil, passando de 18%, em 2022, para 33%, em 2025. No entanto, em outros países da América Latina, houve queda na Argentina, por exemplo, a diminuição foi de cinco pontos percentuais em comparação aos dados de três anos atrás.
Os números são da Pesquisa Global de Consciência do Consumidor 2025, feita pelo Instituto Ipsos para o FSC (Conselho de Manejo Florestal), organização internacional que atua na promoção do manejo florestal responsável.
Os dados divulgados nesta terça-feira (28) também mostram diminuição da preocupação pública com a crise do clima em outros países da região, Colômbia e Chile registraram queda de quatro pontos percentuais cada um. México (42%) e Brasil (33%) lideram o ranking e foram os únicos da região que registraram aumento, em último lugar está a Bolívia (17%).
A pesquisa foi conduzida em 50 países, com 40 mil entrevistados. Os questionários foram respondidos online, por 800 pessoas em cada país, exceto China e Estados Unidos, em que a amostra foi de 1.200. A edição da pesquisa de 2022 ouviu 26,8 mil consumidores de 33 países.
Para Elson Fernandes de Lima, diretor-executivo do FSC Brasil, o aumento da atenção dada às mudanças climáticas pela população brasileira não foi uma surpresa. “As previsões dos cientistas estão se concretizando não são mais um assunto do futuro, já são um problema do presente.”
Desde 2022, ano em que foi realizada a primeira edição do estudo, o país viveu eventos extremos como o fogo e a seca cada vez mais severos na amazônia, a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas no pantanal.
Identificar quais as principais preocupações da população com relação à problemas mundiais é um dos objetivos da pesquisa. No ranking global, a mudança climática aparece em terceiro lugar, citada por 31% dos consumidores. Em seguida, estão doenças e problemas de saúde citados por 45% das pessoas. Guerras, conflitos e terrorismo aparecem no topo da lista, citados por 52% dos entrevistados, refletindo o impacto de tensões geopolíticas recentes em diferentes regiões do planeta, como a guerra no Oriente Médio e a guerra da Ucrânia.
Para Elton, não houve uma diminuição da preocupação com o clima no cenário global, mas sim o aparecimento de outros problemas urgentes, como conflitos armados, que competem pela atenção da população. Em contrapartida, no Brasil, as catástrofes ambientais têm aproximado o tema da vida cotidiana.
Tratar a mudança climática de forma transversal às outras questões que aparecem no estudo é um dos caminhos que o executivo aponta para manter o debate vivo.
Secas mais severas, mudanças nos regimes de chuva e o aumento no preço dos alimentos, segundo ele, são exemplos de como o meio ambiente afeta o cotidiano e o comportamento do consumidor, outro aspecto levantado pelo estudo.
Apesar da queda nos níveis de preocupação, a pesquisa mostra que 72% dos entrevistados, em 29 países, preferem comprar produtos que não causem danos às plantas ou aos animais.
Segundo Elton, as pessoas querem fazer escolhas mais responsáveis, mas falta informação sobre como acessar produtos que sejam sustentáveis.
Ele afirma que o desafio de iniciativas de certificação ambiental, como é o caso do FSC, é ampliar a comunicação e aumentar a transparência de cadeias de produção, da madeira em especial.
“A madeira faz parte do nosso dia a dia, a floresta está dentro das nossas casas, mas o consumidor tem dificuldade de encontrar informação se os produtos utilizados para fazer uma mesa, por exemplo, são livres do desmatamento.”




