SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de Lula e Trump, chegou a vez de Xi e Trump. O que esperar da reunião entre os líderes de China e EUA.
Também aqui: por que o Tesouro está no prejuízo e outros destaques do mercado nesta terça-feira (28).
**O PRÓXIMO NA LISA DE TRUMP**
Depois do encontro com Lula no domingo (26), a fila de Donald Trump já andou. A reunião com o brasileiro foi ofuscada por um evento de maior magnitude que deve se alongar pela semana.
Na quinta-feira véspera de Halloween, caso alguém acredite em maus agouros, o presidente americano tem encontro marcado com o líder chinês Xi Jinping, no primeiro one on one deles no segundo mandato do republicano.
A agenda vem em um momento complicado entre as duas superpotências globais, que disputam a hegemonia do comércio internacional e do avanço tecnológico. O conflito se dá por meio da retenção de exportações importantes e tarifas nas alturas.
JÁ COMEÇOU
Os representantes comerciais dos EUA e da China não esperaram o colóquio entre seus chefes para iniciar a negociação em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Os governos estão lá para acompanhar a cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
No sábado (25), o escritório do representante comercial dos EUA começou uma investigação para apurar se Pequim cumpriu um acordo comercial firmado no primeiro mandato de Trump. Se a conclusão for negativa, as exportações chinesas podem receber mais encargos dos americanos.
Os negociadores são He Linfeng, vice-primeiro-ministro chinês, e Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA. No final do primeiro dia de discussão, um porta-voz americano disse que o encontro foi muito construtivo.
– A caminho da Malásia, Trump disse que EUA e China terão de fazer concessões para chegar a um acordo comercial.
– Estamos com uma tarifa de 157% para eles. Não acho que isso seja sustentável. Eles querem reduzi-la e nós queremos algumas coisas deles, disse.
PALAVRAS-CHAVE
A bola da vez, como já sabe o leitor assíduo da FolhaMercado, são as terras raras, minerais cruciais para a fabricação de alguns itens de alta tecnologia, como semicondutores e ímãs usados em veículos elétricos.
Pequim detém o controle quase absoluto da exploração, refino e comércio desses insumos. Os EUA querem aumentar sua fatia no setor e liberar a exportação desses bens para o país.
No domingo, Linfeng e Bessent elaboraram a estrutura de um acordo comercial sobre as terras raras a ser finalizado por Xi e Trump. O tratado deve tocar em três pontos principais:
1 – derrubada da ameaça de tarifas de 100% sobre as exportações chinesas para os Estados Unidos.
2 – O relaxamento dos controles sobre a exportação de terras raras e produtos que contenham o material para os EUA.
3 – A retomada das compras de soja americana por parte dos chineses.
MÁS NOTÍCIAS
Esse último ponto é sensível para o Brasil, o maior fornecedor da commodity para os chineses que, por sua vez, são os maiores compradores do grão no mundo.
Se a negociação entre Washington e Pequim avançar, é inevitável que o agronegócio perca um pouco da sua fatia do mercado que sustenta boa parte de seus lucros.
As exportações de soja do Brasil para a China aumentaram 13,9% em julho de 2025 em relação ao ano anterior, enquanto houve queda de 11,5% na venda dos EUA.
**A FATURA CHEGOU**
O governo foi alvo de críticas no mercado financeiro por propor o fim da isenção do Imposto de Renda sobre os rendimentos de alguns investimentos como debêntures incentivadas, LCIs e LCAs. O papo entre investidores foi de que a medida teria apenas o objetivo de aumentar a arrecadação.
Pausa para definir o que é cada tipo de investimento de renda fixa que vamos discutir hoje. Se você já sabe, pode passar para o próximo tópico.
Os títulos emitidos pelo Tesouro, como Tesouro IPCA+ (NTN-B), do Tesouro Selic (LFT), estão atrelados à inflação ou à taxa básica de juros.
Quem compra empresta dinheiro ao governo, que devolve com os juros contratados no momento da aquisição ou no vencimento.
Letras de crédito, como os LCIs e LCAs, são emitidas por bancos e usadas para financiar iniciativas em setores específicos nestes casos, no imobiliário e no agronegócio. São isentos da incidência do IR nos rendimentos.
As debêntures incentivadas são títulos de dívida privada emitidos para emprestar dinheiro para setores específicos, como o de infraestrutura.
FAZENDO AS CONTAS
Os investidores têm preferido comprar títulos isentos de impostos em detrimento de títulos do Tesouro Nacional, o que faz com que o órgão público tenha que gastar para pagar prêmios cada vez maiores para com esses ativos e compensar que seus papéis sejam tributados.
Quem investe no Tesouro Direto paga IR regressivo sobre os rendimentos;
A alíquota vai de 22,5% a 15% e é inversamente proporcional ao tempo que o dinheiro ficou investido.
A isenção de impostos de certos títulos resulta em uma perda de arrecadação de R$ 40 bilhões por ano, ao mesmo tempo em que o Tesouro Nacional pode estar gastando R$ 240 bilhões anualmente para manter a atratividade de seus papéis.
O salto no volume aplicado em isentos é de 271% desde 2018.
Isso faz com que fique cada vez mais caro para o governo rolar a dívida ou seja, emitir novos títulos para honrar os pagamentos que venceram e pode desgastar ainda mais um Orçamento bastante apertado.
O mercado temia que a distorção pudesse se aprofundar se o Congresso tivesse aprovado a MP dos Impostos, que mantinha a isenção desses papéis ao mesmo tempo em que aumentava a tributação da renda fixa de longo prazo de 15% para 18%.
Falando em Orçamento o governo quer derrubar o teto de R$ 20 bilhões do Pé-de-Meia para evitar o risco de corte no programa durante o ano eleitoral, 2026.
Se a mudança não acontecer, o Planalto será obrigado a enviar o Orçamento de 2027 com menos dinheiro para o programa que é uma das vitrines da gestão petista.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Rombo que só cresce. A família de Daniel Vorcaro, chefe do Banco Master envolvido em uma série de polêmicas desde a tentativa de compra de parte dos ativos pelo BRB parou de pagar um terreno de R$ 70 milhões e foi à Justiça.
Mais negócios. Na edição de ontem da newsletter, falamos sobre a Âmbar Energia, dos irmãos Batista, e a estatal Eletronuclear. Hoje, a empresa da J&F Investimentos anunciou a compra de três usinas termelétricas da Romeva, no Acre.
Baixo astral. Uma pesquisa da CNC aponta que o pessimismo do varejo está no pior patamar desde a pandemia.
Decolagem autorizada. A Justiça do Rio de Janeiro aprovou o pedido de recuperação judicial da Ambipar e concedeu proteção ampla às operações da empresa.
Ferrari das criptos. A marca de carros de luxo mais famosa do mundo mira na nova geração ao lançar um leilão de cripto para o carro vencedor do circuito de Le Mans. O token será lançado para um grupo de cem clientes exclusivos.




