Da Redação

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, movimentou o tabuleiro político ao convidar o ex-presidente Michel Temer (MDB) para se filiar ao partido e disputar a Presidência da República nas eleições de 2026. O gesto, revelado nesta semana, ocorre em meio ao esforço dos tucanos para reconstruir sua identidade e retomar espaço no cenário nacional.

Segundo Perillo, Temer recebeu o convite “com cordialidade” e afirmou que iria avaliar a proposta. Para o líder tucano, o ex-presidente seria um nome capaz de restaurar o equilíbrio político e reduzir a polarização que domina o país. “Temer é um homem ponderado, com experiência administrativa e capacidade de diálogo. O Brasil precisa de temperança, e ele representa isso”, destacou.

O convite a Temer vem na esteira da filiação de Ciro Gomes ao PSDB, movimento interpretado como parte da estratégia de revitalização da legenda, especialmente no Nordeste. Sob a influência de Aécio Neves, o partido tenta reorganizar suas forças após perder governos importantes e encolher no Congresso — hoje, a bancada tucana conta com apenas 14 deputados federais.

Apesar do gesto político, a chance de Temer aceitar o convite é vista como remota. Integrantes próximos ao ex-presidente classificam a hipótese de mudança partidária como “improvável” e “sem sentido”, lembrando sua trajetória histórica no MDB, legenda pela qual foi deputado, presidiu a Câmara e chegou ao Planalto após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.

Nos bastidores do MDB, Temer continua sendo uma figura respeitada e influente, embora mantenha postura discreta. A avaliação é de que ele prefere atuar como articulador político, promovendo o diálogo entre líderes de centro e centro-direita. Recentemente, Temer participou de encontros com governadores e elogiou o paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) por manter “equilíbrio político” em meio ao bolsonarismo.

Analistas avaliam que, caso Temer aceitasse o convite, o PSDB precisaria destinar uma fatia significativa do fundo eleitoral à campanha presidencial — algo improvável no momento, já que a prioridade da sigla é dobrar sua bancada na Câmara.

Mesmo assim, o movimento de Perillo é visto como um aceno simbólico ao eleitorado moderado, reforçando a tentativa tucana de reocupar o espaço do centro político. Para observadores, o convite a Temer soa menos como um plano eleitoral concreto e mais como um gesto estratégico para reposicionar o PSDB como alternativa à polarização entre PT e bolsonarismo nas eleições de 2026.