RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O legado dos Jogos Olímpicos ultrapassa as arenas e infraestrutura para a cidade-sede, e a seleção brasileira feminina para o Mundial de ginástica artística pode exemplificar tal premissa. Apontada como um dos destaques da nova geração, Julia Coutinho é “fruto” da Rio 2016. E com apenas 15 anos, ela já conquistou medalha de ouro em etapa de Copa do Mundo no solo, ao som de um sucesso de Milton Nascimento.

Carioca, Julia conheceu a ginástica nos Jogos do Rio e se encantou com Flávia Saraiva, nesta quarta-feira (22) companheira de Flamengo e seleção. Foi amor à primeira vista para uma criança de apenas 6 anos, naquela ocasião.

Ela deu os primeiros passos em um clube no Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro, mas, pouco depois, se matriculou no Rubro-Negro — que já contava com nomes referências na modalidade, como Daniele Hypólito, Jade Barbosa e Rebeca Andrade.

“Eu vi a Olimpíada de 2016 e fiquei encantada. Eu ficava vendo bastante a Flávia, à época. Ela bem pequenininha na trave fazendo os elementos. Então, pedi à minha mãe para fazer ginástica e comecei lá no Recreio, onde eu moro. Depois a aula ali acabou, minha mãe procurou o Flamengo e eu me encontrei lá”, disse Julia, ao Olimpíada Todo Dia.

Aos poucos, os resultados foram acontecendo —apesar dos obstáculos— e Julia foi despontando como promessa da modalidade. O bom desempenho com a camisa do Fla a levou à seleção ainda na base. Integrou, por exemplo, o time vice-campeão do Gymnasiade 2024, que aconteceu no Bahrein.

“Tive vários desafios. Desde financeiros a algumas lesões que me afastaram de treino e competição e meio que atrasaram meu progresso”, apontou, ao site do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

A estreia em um torneio internacional na categoria adulta aconteceu nesta temporada, no Troféu Cidade de Jesolo, na Itália. Julia foi a única brasileira a alcançar uma final por aparelhos — no solo, quando chegou na quinta posição.

O topo do pódio, porém, não demorou. Em maio, na etapa de Koper, na Eslovênia, da série challenge da Copa do Mundo, levou o título com a apresentação ao som de “Maria, Maria”, música de composição de Fernando Brant e Milton Nascimento, que dá voz à canção que ficou conhecida em todo o território nacional.

“Meu treinador Walmy [Júnior] ouviu esta montagem da música do Milton há uns anos e no final de 2024 ele e a Georgette [Vidor, coordenadora do Flamengo] me falaram que ia ser a minha música, que combinava muito comigo. E deu certo”, disse Julia ao COB.

O próprio Milton Nascimento se mostrou um entusiasta da apresentação e comentou “Que alegria”, ao lado de um coração, em uma postagem em rede social que mostrava a coreografia de Julia.

No Mundial, ela obteve nota 11.633 no solo e ficou longe da disputa por vaga na final, mas enalteceu a participação no torneio. Ela teve ainda 11.766 nas assimétricas.

“Eu me emocionei no final, porque é novo para a gente. Nosso [dela e de Sophia Weisberg] primeiro Mundial, estou muito feliz. Tivemos nossas falhas, mas estou muito feliz de ter vindo, sentido a energia do que é um Mundial de verdade. A ajuda da Flávia e Júlia [Soares] foi muito importante”, disse, à CBG.

NOVATAS NO MUNDIAL

O Brasil conta com caras novas nesta edição do Mundial de ginástica artística. Medalhistas nos Jogos Olímpicos de Paris, Flávia Saraiva e Júlia Soares são acompanhadas por Julia Coutinho e Sophia Weisberg, que têm 15 anos e se colocam entre as promessas com possibilidade de ganharem chances no ciclo para Los Angeles, em meio a algumas dúvidas sobre a equipe.