PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O Museu do Louvre reabriu nesta quarta-feira (22), três dias após o audacioso roubo de joias à luz do dia, e a Galeria de Apolo virou uma atração à parte. Turistas param para fotografar a entrada do espaço, protegida por um tapume cinza e por funcionários. Foi ali que os ladrões entraram e levaram oito peças do acervo do museu avaliadas em R$ 550 milhões.
O movimento de visitantes foi normal na reabertura, segundo funcionários ouvidos pela Folha. Apenas visitantes com ingresso reservado puderam entrar. As filas para passar pelos detectores de metais estavam longas, mas não muito diferentes dos outros dias.
Do lado de fora, na margem do rio Sena, curiosos também param sob a janela por onde os ladrões entraram. Um carro da polícia e outro de uma empresa de segurança vigiam a calçada sob a janela. Um tapume substituiu o vidro quebrado pelos assaltantes.
A empresária curitibana Evelen Machado, que já tinha ingresso para esta quarta-feira, ficou surpresa ao ser informada de que havia acabado de passar em frente à galeria assaltada. “Aqui que foi roubado? Sério? Que legal”, disse, para logo em seguida se corrigir. “Que legal não, né?”
Em reunião com o ministério no Palácio do Eliseu, na manhã desta quarta-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, cobrou do governo celeridade nas medidas de reforço da segurança do Louvre. Até o momento, ninguém foi detido.
Ainda nesta quarta-feira, a presidente do museu, Laurence des Cars, depõe no Senado francês a respeito do roubo.
Na terça (21), a ministra da Cultura da França, Rachida Dati, causou surpresa ao afirmar em uma sabatina na Assembleia Nacional, o Parlamento francês, que o sistema de segurança do Louvre não falhou.
Ela se referia ao fato de que os alarmes dispararam duas vezes, quando os quatro criminosos quebraram a janela por onde entraram e as vitrines de onde tiraram as joias. Seguranças e policiais, porém, não chegaram a tempo de impedir a fuga.
A fala de Dati contradiz o discurso do ministro da Justiça, Gérald Darmanin, que disse um dia antes que o governo falhou. “O que é certo é que falhamos”, disse Darmanin à rádio France Inter. A ministra da Cultura afirmou ter instaurado um inquérito administrativo.
O crime reacendeu críticas da oposição, e o líder da ultradireita, Jordan Bardella, classificou o roubo de “uma insuportável humilhação para o país”.
O roubo ocorreu às 9h30 locais (4h30 em Brasília) de domingo, meia hora depois da abertura, e chocou turistas que precisaram deixar o local às pressas. Segundo o governo francês, quatro criminosos utilizaram um elevador de carga e uma minisserra elétrica para cometer o crime, em uma ação que durou apenas sete minutos, e fugiram de scooter.
No total, nove joias foram subtraídas do museu. A coroa da imperatriz Eugênia, com 1.354 diamantes e 56 esmeraldas, foi localizada no entorno da instituição, quebrada.
A Galeria de Apolo guarda parte das joias da coroa francesa, incluindo o famoso diamante Régent, de 140 quilates, usado por Luís 15 e Napoleão Bonaparte.