SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O príncipe Harry, a sua esposa Meghan Markle, o cofundador da Apple Steve Wozniak e o ex-estrategista chefe da Casa Branca Steve Bannon se juntaram a um grupo de figuras públicas que pedem a “proibição” do desenvolvimento da chamada superinteligência, em uma improvável aliança contra sistemas avançados de inteligência artificial.

Mais de 800 pessoas, incluindo cientistas de IA, políticos, celebridades e líderes religiosos, assinaram uma declaração para impedir a criação de superinteligência, sistemas de IA que são mais inteligentes que a maioria dos humanos.

“Pedimos uma proibição do desenvolvimento de superinteligência, que não seja suspensa antes que haja amplo consenso científico de que será feita de forma segura e controlável, e forte apoio público”, afirmou a declaração.

Outros signatários da carta são os pioneiros da IA Geoffrey Hinton e Yoshua Bengio, a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson, o economista Daron Acemoglu (vencedor do Nobel de economia em 2024) e o cofundador da Virgin Richard Branson.

O Instituto Futuro da Vida (FLI, na sigla em inglês) publicou a carta na quarta-feira junto com uma pesquisa mostrando que 5% dos norte-americanos apoiam “o atual status quo de desenvolvimento não regulamentado”.

Quase três quartos dos entrevistados eram a favor de uma regulamentação robusta, de acordo com a pesquisa realizada pelo grupo de campanha.

“É nossa humanidade que nos une aqui… Cada vez mais pessoas estão começando a pensar que a maior ameaça não é a outra empresa ou mesmo o outro país, mas talvez as máquinas que estamos construindo”, afirmou o presidente do instituto, Max Tegmark, ao Financial Times.

Vários grandes grupos de tecnologia e startups de IA, incluindo OpenAI, Meta e Google, estão em uma acirrada competição para serem os primeiros a desenvolver a superinteligência ou inteligência artificial geral. Ambos os termos geralmente se referem a sistemas de IA que podem superar os humanos na maioria das tarefas.

Em março de 2023, cinco meses após o lançamento do ChatGPT, especialistas em tecnologia, incluindo Elon Musk, divulgaram uma declaração semelhante organizada pelo FLI, que pedia uma moratória de seis meses em todo o desenvolvimento de IA. No entanto, a xAI de Musk continua a construir sistemas de IA.

“Você não precisa de superinteligência para curar o câncer, para carros autônomos ou para melhorar massivamente a produtividade e eficiência”, avaliou Tegmark.

Vários cientistas chineses proeminentes assinaram a declaração, incluindo Andrew Yao e Ya-Qin Zhang, ex-presidente da Baidu.

Outros signatários incluem ex-funcionários do governo como Susan Rice, conselheira de segurança nacional da gestão Barack Obama, e Mike Mullen, presidente do Estado-Maior Conjunto nas administrações de Obama e George W. Bush.

“A perda de controle é vista como uma ameaça à segurança nacional tanto pelo Ocidente quanto pela China. Eles serão contra isso por seus próprios interesses, então não precisam confiar uns nos outros”, afirma o presidente do FLI.

O cenário regulatório global para IA está avançando lentamente, com a legislação mais avançada, a Lei de IA da UE, sendo implementada em etapas, apesar das fortes críticas da indústria.

Nos EUA, estados como Califórnia, Utah e Texas promulgaram leis específicas sobre IA. Uma proposta de moratória de 10 anos na regulamentação de IA foi retirada do projeto de lei orçamentária federal em julho.