SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma em cada dez crianças e adolescentes no Brasil diz já ter recorrido a ferramentas de inteligência artificial generativa para falar sobre problemas pessoais ou emoções, segundo dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil.

A pesquisa do Cetic.br divulgada nesta quarta-feira (22) analisa o comportamento digital na infância e adolescência. Foram entrevistadas 2.370 crianças e adolescentes de 9 a 17 anos, além dos seus pais ou responsáveis. As entrevistas foram feitas de março a setembro de 2025.

Os dados mostram que 65% da população dessa faixa etária já utilizou ferramentas de inteligência artificial por algum motivo. O principal uso da IA por crianças e adolescentes é para realização de pesquisas ou tarefas escolares.

No entanto, os responsáveis pela pesquisa veem com preocupação e classificam como significativo o número daqueles que já usaram essas ferramentas para falar sobre problemas ou emoções.

Entre adolescentes de 15 a 17 anos, 16% já disseram ter recorrido a IA para desabafar sobre suas emoções ou se aconselhar sobre problemas pessoais. Entre os que têm 13 e 14 anos, essa proporção foi de 12%.

Outras pesquisas internacionais apontam que os chatbots, como o Chat GPT, têm se tornado terapeutas digitais para muitos adolescentes, para quem essa tecnologia agora parece natural.

Algumas análises, no entanto, já identificaram que esses bots podem trazer conselhos perigosos quando questionados sobre alguns temas, por exemplo como automutilação.

“É preciso considerar a perspectiva de risco que há nesse uso, já que essa ainda é uma tecnologia nova e sobre a qual ainda estamos detectando falhas e deficiências. Há o risco, por exemplo, de essas crianças e adolescentes receberem informações falsas ou prejudiciais ao tratarem de assuntos sensíveis, que muitas vezes não conseguem tratar nem mesmo com adultos de confiança”, diz Luisa Adib, coordenadora da pesquisa.