Da Redação
O Brasil continua a ocupar um lugar de destaque no cenário religioso global, mantendo-se como a segunda maior nação cristã do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Estimativas recentes do Pew Research Center apontam que cerca de 168 milhões de brasileiros se identificam como cristãos — um dado que reforça o papel central da fé cristã na cultura, nas tradições e até nas políticas públicas do país.
Nos Estados Unidos, o número de cristãos chega a 217 milhões, o que representa cerca de um décimo do total global, estimado em 1,1 bilhão de pessoas.
Mudança religiosa mais lenta que o esperado
Embora o crescimento das igrejas evangélicas continue em ritmo acelerado, a substituição do catolicismo como religião majoritária deve ocorrer apenas em 2049, segundo novas projeções baseadas no Censo de Religião 2022 do IBGE.
O demógrafo José Eustáquio Alves, pesquisador aposentado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, explica que o avanço evangélico perdeu velocidade em relação a estimativas anteriores. “Na projeção passada, o catolicismo seria ultrapassado com folga. Agora, a diferença é mínima, como uma vitória apertada de 1 a 0”, comparou.
Entre 2010 e 2022, os evangélicos cresceram 5,2 pontos percentuais, enquanto o catolicismo encolheu 8,4 pontos. Apesar da tendência clara de migração religiosa, Alves destaca que o processo é gradual e ainda imprevisível:
“É possível projetar tendências, mas não prever o comportamento religioso. O longo intervalo de 12 anos sem dados dificultou a precisão das estimativas”, observou o demógrafo.
Cristianismo ainda molda a identidade brasileira
Mesmo com as mudanças internas entre católicos e evangélicos, o cristianismo permanece como eixo estruturante da sociedade brasileira. As influências da religião estão presentes em celebrações populares, calendários culturais, feriados e debates políticos, consolidando o Brasil como um dos grandes centros da fé cristã no planeta.
O levantamento internacional mostra que entre os dez países com maior número de cristãos, a maioria — incluindo Brasil, México, Filipinas e Nigéria — reúne tanto católicos quanto evangélicos, refletindo diferentes trajetórias históricas e sociais.
No caso brasileiro, o cenário religioso se mostra cada vez mais plural, unindo tradições católicas centenárias e movimentos evangélicos dinâmicos que seguem expandindo templos, mídias e espaços de influência.
Em síntese, o Brasil segue sendo uma potência cristã global, mas a transição entre suas maiores vertentes religiosas acontecerá em ritmo mais lento e equilibrado do que muitos imaginavam.