SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, que se apresentou à penitenciária de La Santé, em Paris, nesta terça-feira (21) para cumprir uma pena de cinco anos de prisão, está sendo mantido sob escolta de dois seguranças.

O ministro do Interior, Laurent Nuñez, afirmou nesta quarta-feira (22) que a presença dos agentes dentro da prisão é uma medida de proteção em consideração ao status do ex-presidente. “Evidentemente, ele é um cidadão como qualquer outro. Há, obviamente, uma ameaça contra ele”, disse Nuñez.

Sarkozy está em uma cela individual de nove metros quadrados, em um pavilhão isolado, por questão de segurança. Ele não tem contato com outros presos, inclusive durante o tempo de recreação.

Os agentes fazem parte da equipe de segurança responsável pela proteção de ex-presidentes e ficarão em celas vizinhas durante todo o período em que ele ficar detido.

Sindicatos de agentes penitenciários protestaram contra a presença dos seguranças dentro da prisão. Nicolas Peyrin, da CGT (Confederação Geral do Trabalho, uma das maiores organizações sindicais francesas), afirmou que a equipe de La Santé é perfeitamente capaz de garantir a segurança dos detentos e que a presença da polícia não é necessária.

Chefe local do sindicato Force Ouvrière e agente penitenciário de La Santé Hugo Vitry, afirmou que os guardas não foram informados sobre o esquema de segurança de Sarkozy. “Entramos em contato com a administração penitenciária e com o Ministério da Justiça para exigir explicações”, disse ele.

Os advogados de Sarkozy apresentaram um pedido de liberdade antecipada, que ainda não foi julgado, e disseram esperar que o pedido seja analisado em cerca de um mês. A defesa do ex-presidente afirma esperar conseguir a libertação antecipada até o Natal.

Sarkozy, que presidiu a França de 2007 a 2012, tem negado repetidamente qualquer irregularidade e afirma que o caso é politicamente motivado.

Ele foi condenado por conspiração criminosa em um caso relacionado à tentativa de obter financiamento ilegal para sua campanha presidencial de 2007 com dinheiro da ditadura de Muammar Gaddafi (1942-2011), na Líbia.

Inaugurada em 1867, a prisão de La Santé é a única dentro de Paris. Já abrigou detentos ilustres, como o militar judeu Alfred Dreyfus (1859-1935), vítima de um erro judicial por antissemitismo, no final do século 19; o ex-ditador do Panamá Manuel Noriega (1934-2017); o colaborador do regime nazista Maurice Papon (1910-2007); e Ahmed Ben Bella (1916-2012), herói da independência da Argélia.

Em 1911, o poeta Guillaume Apollinaire (1880-1918) passou uma semana preso em La Santé, acusado erroneamente de participação no roubo da “Mona Lisa”, do Museu do Louvre.