Faringite causada pela bactéria estreptococo beta-hemolítico do grupo A é perigosa e comum em pessoas de 5 a 15 anos
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PATRÍCIA PASQUINI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dor de garganta é algo comum, mas é preciso observar se há outros sintomas associados.


Dor para engolir, aumento de gânglios no pescoço, presença de pus, dor nas articulações, mal-estar, prostração, garganta vermelha, inchada e com pontos avermelhados (petéquias), febre alta –geralmente de 39ºC a 40ºC— e dor de cabeça são sinais de faringite causada pela bactéria estreptococo beta-hemolítico do grupo A, nome científico Streptococcus pyogenes.


Quando subestimada, a doença pode desencadear problemas mais sérios como febre reumática, glomerulonefrite e síndrome Pandas. O alerta é da médica Cristiane Adami, otorrinolaringologista do Hospital Paulista.


Em sua maioria, este tipo de faringite acomete crianças e adolescentes de 5 a 15 anos, que se aglomeram mais e trocam objetos e alimentos com facilidade. O quadro é diferente do que ocorre em um resfriado, que não é grave e sempre vem acompanhado por tosse, coriza e congestão nasal.


“De início, dificilmente os pais vão pensar que é uma faringite por estreptococo. Geralmente, dão um analgésico e esperam três dias. O problema é que não há um sinal de alarme imediato que indique gravidade. Por isso falamos da importância de já procurar um serviço médico em caso de dor de garganta localizada, dor no corpo, febre e gânglios aumentados”, diz Cristiane Adami.


Segundo Pollyanna Barbosa Lima Cerqueira, pediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a contaminação se dá por gotículas, por exemplo ao espirrar e tossir na direção de outra pessoa sem usar a mão como proteção.


“O ideal é deixar os locais arejados e limpos, lavar as mãos e evitar colocá-las em objetos e na boca”, afirma Cerqueira.


O diagnóstico é feito com base em avaliação médica e testes rápidos colhidos a partir da secreção da garganta ou mesmo da cultura de bactérias, que também permite a identificação.


A faringite é tratada com o uso de antibióticos, por um período de sete a dez dias, mas a melhora dos sintomas deve ocorrer antes, por volta do terceiro dia.


“Qualquer quadro de amigdalite ou faringite não tratado de forma adequada pode trazer outros problemas. Como é um local com várias ligações, pode haver infecções na boca, sinusite, otites, pneumonia e outras [doenças]”, explica Cerqueira.


As complicações graves surgem em até cinco semanas. “Não negligencie uma dor de garganta. Se o paciente não trata a bactéria na hora certa, ela pode caminhar para o coração, os rins e para o sistema nervoso central”, alerta Adami.


SEQUELAS NO CORAÇÃO
Na pior das hipóteses, a faringite causada pela bactéria estreptococo beta-hemolítico do grupo A evolui para uma febre reumática. A doença tem várias maneiras de se manifestar. A cardite, a artrite e a coreia de Sydenham (movimentos involuntários) são as mais comuns.


“Embora o advento dos antibióticos tenha reduzido muito a incidência de febre reumática em escala mundial, cerca de 3% dos casos de faringoamigdalite por infecção de estreptococo evoluem para esse tipo complicação por falta de tratamento adequado”, diz Adami.


“É o quadro mais grave. O doente pode ficar com sequela no coração para o resto da vida”, ressalta Adami.


A glomerulonefrite é a inflamação dos rins. “De 10% a 13% dos jovens, mesmo com o uso dos antibióticos, pode evoluir para a doença. Apesar de não deixar sequelas, é um estágio em que o paciente entra em uma insuficiência renal aguda que precisa de tratamento hospitalar para receber antibiótico venoso”, afirma Adami.


A síndrome Pandas —abreviação para Pediatric Autoimmune Neuropsychiatric Disorders Associated with Streptococcal Infections, em português distúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas—, uma inflamação do sistema nervoso, é outro sinal de piora. O paciente desenvolve TOC (transtorno obsessivo compulsivo).


O TOC é caracterizado por duas condições: a obsessão e a compulsão. A primeira diz respeito a um pensamento constante que o paciente tem, de qualquer tipo. A segunda é marcada por atos do indivíduo na tentativa de aliviar sua obsessão.