RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Sob uma nova onda de otimismo petroleiro provocada pela emissão da licença para perfuração de poço na bacia da Foz do Amazonas, o governo leiloa nesta quarta-feira (22) sete áreas para exploração e produção de petróleo no pré-sal.

É o leilão do pré-sal com o maior número de inscritos desde que o modelo atual de ofertas de áreas petrolíferas foi estabelecido, em 2022. Para o setor, a concessão da licença ambiental para a Petrobras nesta segunda-feira (20) pode reforçar o apetite das empresas.

“A licença melhora a atratividade do leilão ao reforçar a ideia de que o Brasil tem o interesse de continuar produzindo petróleo, de que vai incentivar a exploração”, diz o presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás), Roberto Ardenghy.

As sete áreas oferecidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) nesta quarta estão no chamado polígono do pré-sal, que fica em frente ao litoral da região Sudeste e tem as maiores reservas e os maiores campos produtores de petróleo do país.

A ANP apresentou ao mercado 13 áreas, mas só levará a leilão as sete que receberam manifestações de interesse. Se todas forem arrematadas, o governo arrecadará R$ 160 milhões em bônus de assinatura -nos leilões do pré-sal, o bônus é fixo e ganha a empresa que oferece maior volume de petróleo ao governo.

Entre as áreas que vão a leilão, duas estão na porção sul do polígono, em frente ao litoral paulista, mesma porção onde está o bloco Bumerangue, onde a britânica BP diz ter feito sua maior descoberta de petróleo e gás em 25 anos.

São as áreas Esmeralda e Ametista, que têm bônus de assinatura de R$ 33,7 milhões e R$ 1 milhão respectivamente. Ambas são consideradas pela ANP áreas de elevado potencial para descobertas.

Além delas, o leilão terá as áreas de Jaspe, Citrino, Larimar, Ônix e Itaimbezinho. A primeira tem o maior bônus de assinatura do leilão: R$ 52,2 milhões e percentual mínimo de óleo-lucro (a fatia da produção que fica com a União após o desconto dos custos) de 16,72%.

Fica colada a um bloco onde a Shell fez descoberta de gás natural recentemente e foi alvo de pedido de direito de preferência pela Petrobras –o que garante à estatal o direito de participar do projeto mesmo se perder a disputa no leilão.

O geólogo Pedro Zalán, da ZAG Consultoria, aposta em ofertas para ao menos cinco das sete áreas no leilão. Ele prevê competição entre petroleiras ou consórcios para os blocos de Ametista e Larimar, que considera os melhores do leilão.

Além da Petrobras, foram habilitadas para o leilão do pré-sal gigantes globais como a americana Chevron e a inglesa Shell; estatais da China (Cnooc e Sinpec), Colômbia (Ecopetrol) e Qatar (Qatar Energy); e petroleiras independentes brasileiras, como 3R e Prio.

É o segundo leilão de áreas exploratórias do país no ano em que sedia a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas sobre o clima. No primeiro, a ANP concedeu 34 blocos exploratórios -dentre os quais, 19 estão localizados na bacia da Foz do Amazonas.

O incentivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à indústria do petróleo é alvo de protestos de organizações ambientalistas. Nesta segunda (20), a coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, chegou a dizer que o governo “sabota” a agenda climática.