(UOL/FOLHAPRESS) – Após 17 anos, uma das obras mais antigas do acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) voltou para casa. O livro De India Utriusque re Naturali et Medica (“Sobre a Índia, Tanto Natural Quanto Médica”), do médico e naturalista holandês Guilherme Piso, foi entregue na última sexta-feira (17), em Belém (PA).
A publicação de 1658 foi furtada do museu em 2008 e recuperada em 2024, em Londres, no Reino Unido. O exemplar é o terceiro livro mais antigo da coleção e reúne observações científicas sobre a flora, a fauna e as práticas médicas indígenas durante o período em que o Nordeste brasileiro foi colônia da Holanda, sob o governo de Maurício de Nassau.
O diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, destacou a importância do retorno da peça. “É uma obra monumental, construída a partir de observações do autor durante sua atuação na colônia holandesa. Essa obra descreve a flora, a fauna e algumas práticas médicas indígenas no território brasileiro”, ressaltou.
“É uma das primeiras e mais relevantes obras sobre a história natural e medicina tropical do Brasil. O retorno dessa obra à nossa coleção é fundamental. É símbolo de um patrimônio que transcende séculos de história e conhecimento”, disse Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Goeldi, ao portal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação.
A devolução foi feita pela Polícia Federal, após cooperação internacional. O delegado Cledson Silva conduziu a cerimônia e ressaltou o papel das instituições no processo. “A Polícia Federal fica orgulhosa em realizar esta entrega. Por meio da cooperação interinstitucional e internacional, a gente consegue viabilizar a entrega desta obra e trazer ao Museu Goeldi”, disse.
Com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o museu reforçou a segurança do acervo. Depois dos furtos registrados em 2008, foi construída uma sala-cofre com controle de acesso, monitoramento 24 horas, climatização e sistema antifogo.
Obras raras do acervo do Museu Goeldi representam um patrimônio histórico e cultural da Amazônia. Elas trazem conhecimento científico produzido por naturalistas que são registros únicos sobre a biodiversidade, o clima, os ecossistemas e os modos de vida das populações dos últimos 500 anos”, afirmou o diretor.
Gabas também destacou o valor científico e simbólico da coleção. “Preservar essas obras é preservar a memória, a ciência e a cultura da Amazônia, fortalecendo a conexão dos brasileiros com uma região vital para o País e o mundo”.
A obra foi impressa em latim, em Amsterdã, pelo editor Louis Elsevier, o que aumenta seu valor histórico. As duas obras mais antigas do museu são de 1554 e 1628. O acervo da biblioteca conta com 350 mil exemplares, sendo 4 mil obras raras. O Museu Paraense Emílio Goeldi é uma das mais antigas instituições científicas do Brasil e é vinculado ao MCTI.