SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registra leve alta nesta terça-feira (21) após cair nas últimas quatro sessões, conforme os investidores acompanham a tendência no exterior com a moeda norte-americana se valorizando em relação a outras divisas.
Analistas do mercado também permanecem atentos à apresentação da proposta de Orçamento que deve ser levada ao Congresso nesta terça, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Às 10h53, o dólar subia 0,61%, cotado a R$ 5,403, em linha com o exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a outras seis divisas, também registrava alta, de 0,3%.
No mesmo horário, a Bolsa tinha queda de 0,20%, a 144.212 pontos, também na contramão dos últimos pregões quando registrou alta.
O movimento do Ibovespa acontece mesmo com a alta da Petrobras, que sobe 0,44% nesta manhã após anunciar redução no preço da gasolina na última segunda.
Segundo a estatal, o corte será de R$ 0,14 por litro, com o preço médio de venda de suas refinarias passando a R$ 2,71 por litro.
Em um dia de agenda esvaziada de indicadores, o mercado está atento às movimentações em Brasília, onde o governo segue em busca de uma solução para o Orçamento após o Congresso ter arquivado no início do mês a medida provisória 1.303, sobre taxação de aplicações financeiras.
Segundo o ministro Fernando Haddad (Fazenda), a Casa Civil e a Fazenda estão reunidas para fechar ainda nesta terça-feira (21) a proposta de Orçamento que será levada ao Congresso.
A discussão inclui, segundo o ministro, tanto a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) quanto as alternativas à MP do aumento de impostos.
“A Casa Civil e a Fazenda estão reunidos hoje, para nós processarmos aquilo que foi discutido com os líderes e até o começo da tarde nós vamos ter uma definição do que fazer”, disse Haddad a repórteres na portaria do Ministério da Fazenda.
Assim como na véspera, os investidores continuam atentos ao exterior, mais especificamente, às negociações comerciais entre China e EUA.
O presidente Donald Trump anunciou sobretaxas adicionais de 100% sobre produtos chineses e novos controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico” até 1º de novembro, nove dias antes da atual trégua tarifária entre os dois países expirar.
No sábado (18), o governo chinês anunciou que representantes dos países devem se encontrar nesta semana para uma nova rodada de negociações.
As novas medidas comerciais foram uma reação à expansão dos controles de exportação de elementos de terras raras pela China, produtos essenciais para uma série de indústrias, da automobilística à de defesa.
A proposta de tarifa de 100% não é sustentável, afirmou Trump em entrevista na sexta. “Mas o número é esse. Eles me forçaram a fazer isso”, disse. Ele também confirmou que se reunirá com o líder chinês, Xi Jinping, em duas semanas na Coreia do Sul.
Antes disso, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que espera se reunir nesta semana com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng para tentar evitar a escalada de tarifas.
A escalada de tensões entre Estados Unidos e China tem voltado a despertar temores de uma guerra comercial de grandes proporções, semelhante à do início do ano.
À época, Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e Xi Jinping respondeu com 125% sobre mercadorias americanas. Depois de meses de cabo de guerra, as sobretaxas foram reduzidas temporariamente para 30% sobre a China e 10% sobre os EUA. Essa trégua é válida apenas até o dia 12 de novembro.
Com os acenos à moderação, os mercados voltaram a ter apetite por risco. “O clima global é de leve otimismo com a possibilidade de um acordo comercial entre EUA e China, após sinalizações de trégua tarifária por Donald Trump”, diz Gustavo Trotta, especialista e sócio da Valor Investimentos.
Os Estados Unidos também estão abrindo portas para negociação com o Brasil. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, se reuniram presencialmente na Casa Branca na última quinta-feira.
Em comunicado divulgado após o encontro, o governo americano disse que as conversas foram muito positivas e combinaram um cronograma de trabalho.
A divulgação de uma manifestação conjunta, assinada pelos dois governos, não é um padrão do Departamento de Estado, indicando uma sintonia entre as partes sobre o teor do encontro.
Ainda na cena internacional, o mercado olha com ansiedade para o resto da semana. Isso porque, na sexta-feira, o Departamento do Comércio dos Estados Unidos deve divulgar os dados de inflação de setembro, o primeiro relatório oficial da economia norte-americana desde que o governo federal entrou em shutdown.
O Fed se reúne na próxima semana, entre os dias 28 e 29, para decidir sobre a taxa de juros. No encontro passado, os dirigentes optaram por um corte de 0,25 ponto percentual, o primeiro desde dezembro do ano passado, levando a taxa à banda de 4% e 4,25%.
A decisão foi amparada na visão de que os riscos de uma desaceleração do mercado de trabalho, causado pela política monetária restritiva, eram maiores do que os de um repique na inflação.
Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, os investidores veem uma chance de 99% de um corte de 0,25 ponto nas taxas do Fed na reunião da semana que vem.