SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um equatoriano que sobreviveu a um ataque militar dos Estados Unidos contra um barco no mar do Caribe foi solto após ser repatriado ao seu país. A Procuradoria-Geral do Equador informou nesta segunda-feira (20) que não havia processos judiciais contra o homem nem provas de que ele tivesse cometido qualquer crime em território nacional.

O ataque ocorreu na quinta-feira (16), quando o Exército americano interceptou um barco que supostamente transportava drogas. O presidente Donald Trump depois anunciou que duas pessoas haviam sobrevivido e seriam repatriadas, um equatoriano e um colombiano. Outros dois tripulantes morreram na ofensiva.

O republicano classificou os sobreviventes como terroristas e disse que ambos seriam devolvidos a seus países de origem para “detenção e processamento”. A Casa Branca porém não apresentou provas de que as pessoas atingidas na ofensiva cometeram atos ilícitos.

O equatoriano, cuja identidade não foi divulgada, chegou a Quito no sábado (18), passou por avaliação médica e foi detido pela polícia. A Procuradoria-Geral determinou sua libertação ao concluir que não havia qualquer registro de crime imputado a ele.

“Ao não existir nenhuma informação que indique a prática de um crime no Equador, não se podia retê-lo pois também não tinha processos pendentes contra ele”, disse o órgão. Horas depois, o homem foi libertado.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou em um post na rede social X que o país “permanece firme na luta mundial contra o narcotráfico”.

O líder de direita é conhecido por sua política linha-dura e aposta na militarização desde a sua campanha, muito guiada pela grave crise de segurança pública que acomete o Equador nos últimos anos, em particular com o crescimento do narcotráfico.

As operações militares dos EUA no mar do Caribe já mataram ao menos 27 pessoas. A Casa Branca diz que combate o tráfico de drogas, mas as ações são criticadas por governos da região, opositores e especialistas jurídicos, que não enxergam legalidade na ofensiva.

Desde que voltou à Presidência, Trump declarou cartéis latino-americanos como terroristas e tem feito pressão em governos da região para coibirem o tráfico de drogas. Ele autorizou a CIA, a agência de inteligência americana, a realizar ações secretas na Venezuela, cujo objetivo final seria a queda do ditador Nicolás Maduro.

A decisão elevou ainda mais as tensões por ser a indicação mais clara de que os EUA poderiam eventualmente de fato invadir a Venezuela.