SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de São Paulo vai replicar o modelo da Pesquisa Origem e Destino, feita periodicamente pelo Metrô na Grande SP, às oito regiões metropolitanas do interior paulista -mais o aglomerado urbano de Franca–, para definir planejamento de transporte público no estado.

A partir da análise dos dados do estudo poderá se definir se a região metropolitana de Campinas precisa de trilhos para ligar seus municípios -hipoteticamente um metrô– ou se as linhas de ônibus de Taubaté dão conta de levar trabalhadores no horário de pico para o parque industrial da vizinha São José dos Campos. Ao todo, 255 cidades serão abrangidas pelo levantamento.

A avaliação das informações pesquisadas também poderá servir para mapeamento de transporte ferroviário em São Paulo ou ou outros modais.

A região metropolitana de São Paulo não entra no projeto por já fazer parte da Origem e Destino do Metrô, cujos resultados mais recentes foram apresentados em fevereiro.

Os dados da pesquisa inédita começarão a ser coletados no primeiro trimestre de 2026 pela região metropolitana de Jundiaí, composta também por Louveira, Cabreúva, Itupeva, Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista e Jarinu.

Após, as pesquisas, previstas para serem encerradas no próximo ano, seguirão para Sorocaba e, posteriormente, às demais regiões metropolitanas paulistas e ao aglomerado urbano de Franca, com conclusão prevista até 2028.

Ao todo, apenas na primeira região pesquisada, a amostragem deverá atingir 6.000 domicílios e contará com uso de dados de telefonia móvel para mapear deslocamentos.

“Esses dados serão essenciais para a elaboração do Pitu [Plano Integrado de Transportes Urbanos], para orientar investimentos e políticas públicas para as próximas décadas”, afirma a Secretaria de Transportes Metropolitanos.

De acordo com Epaminondas Duarte Júnior, coordenador de planejamento e gestão da pasta, a meta é realizar uma fotografia do deslocamento no cotidiano das pessoas nessas regiões.

“Com essas informações, poderemos fazer projeções de como será a mobilidade regional nos próximos anos”, diz.

O interior de São Paulo está com planos de transportes desatualizados ou são inexistentes. Conforme Duarte Júnior, a última atualização na região de Campinas, por exemplo, é de 2011.

Serão feitos dois extratos, um com a realidade e a necessidade na própria cidade, e outro sobre o deslocamento regional. “A inter-relação entre eles [municípios] vai ser muito importante”, diz.

A secretaria desenvolveu uma cartilha e um infográfico para capacitar gestores municipais na elaboração de PMUs (Planos de Mobilidade Urbana). Os materiais apresentam conceitos, metodologias e aplicações práticas da pesquisa de deslocamento.

Representantes de todos os municípios da região metropolitana de Jundiaí já estão sendo procurados para receber orientações, inclusive por meio de oficinas, sobre a pesquisa.

A ideia é que a pesquisa seja feita a cada dez anos. Extratos em intervalos menores podem ser realizados para atualizações.

De acordo com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), o processo atualmente está na fase de escolha do instituto de pesquisa. Ainda não se sabe o total de pessoas ouvidas durante todas as entrevistas. A secretaria não disse qual o orçamento do projeto.

Também será desenvolvido uma plataforma geoespacial acessível a qualquer pessoa que disponibilizará dados sobre transporte público nessas regiões. O acesso será diretamente no site da secretaria.