RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A concessão de licença para a perfuração do primeiro poço em águas profundas na bacia Foz do Amazonas deve destravar uma corrida de petroleiras por reservas na região. A expectativa é que as próximas licenças sejam mais rápidas do que a primeira.

Há hoje 28 concessões exploratórias ativas na bacia, que é considerada pelo setor a principal aposta para a renovação das reservas brasileiras após o esgotamento do pré-sal, previsto para o início da próxima década.

Destas, 19 foram arrematadas em leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) realizado em junho, já sob a expectativa de que a licença do bloco 59 seria liberada em algum momento este ano.

Os investidores aguardam com grande expectativa os próximos passos da Petrobras e os primeiros resultados do poço para definir os investimentos. Há hoje pedidos no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para licenciar poços em mais oito concessões na bacia.

“Esta licença é uma medida positiva para que o país possa confirmar a existência de petróleo e gás natural na região e sua viabilidade econômica”, afirmou, em nota, o IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás), que reúne as grandes petroleiras com operações no país.

A autorização para que a Petrobras perfure o poço não é garantia de sucesso. No setor de petróleo, é corrente a ideia de que, mesmo com as melhores pesquisas prévias, a confirmação da existência de reservas só ocorre após a perfuração.

Na bacia de Campos, primeira grande província produtora do país, por exemplo, a primeira descoberta só ocorreu no nono poço exploratório. E, mesmo após a descoberta, ainda são necessários estudos adicionais para avaliar se as reservas são viáveis do ponto de vista econômico.

A Petrobras disse que a perfuração do poço Morpho, que recebeu a licença nesta segunda-feira (20), deve durar cinco meses. Se encontrar indícios de petróleo ou gás natural, a estatal é obrigada a informar imediatamente a ANP.

Num cronograma natural da exploração, a petroleira costuma furar outros poços, chamados de poços de avaliação para depois, se confirmada a descoberta, declarar comercialidade da área ao órgão regulador. Nesse momento, ela se compromete a investir para extrair o petróleo ou gás.

Para iniciar, de fato, a produção, a empresa precisa de nova licença ambiental. A partir daí, contrata equipamentos submarinos, a plataforma de produção e serviços que apoiam essas operações. Governo e políticos locais apostam nessa demanda para a geração de emprego e renda nas regiões petroleiras.

“A produção de petróleo e a industrialização que ela induz são fatores imprescindíveis para que o Brasil mantenha o atual ritmo de criação de empregos de alta qualificação e remuneração”, defende o presidente-executivo da Abespetro (Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo), Telmo Ghiorzi.