WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos assinaram nesta segunda-feira (20) um acordo sobre minerais críticos com a Austrália, depois de a China dificultar o acesso às suas terras raras.

O trato feito pelo presidente Donald Trump com o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese prevê investimento dos EUA de até US$ 8,5 bilhões (R$ 45 bilhões) no processamento desses bens.

Os minerais críticos são produtos essenciais para uma série de indústrias, como a automobilística e a de defesa, e tecnologias de ponta, como chips, por exemplo.

A China, que tem a maior concentração de terras raras do mundo, dificultou o acesso a elas e passou a exigir que empresas estrangeiras precisem obter autorização de Pequim para exportar ímãs críticos e outros produtos que contenham até pequenas quantidades de terras raras extraídas do país asiático.

O acordo assinado por Trump nesta segunda tem como objetivo contornar as restrições chinesas.

A Austrália tem a quarta maior reserva de minerais críticos do mundo e quer se tornar uma alternativa à China.

A tendência é que o tema também seja tratado pelos EUA com o Brasil durante as negociações para reduzir as tarifas de 50% aplicadas aos produtos brasileiros.

Segundo a Casa Branca, acordo prevê investimentos conjuntos de mais de US$ 3 bilhões nos próximos seis meses em projetos com recursos estimados em US$ 53 bilhões.

Como parte do acordo, o Banco de Exportação e Importação dos EUA emitiu sete cartas de interesse que poderão liberar até US$ 5 bilhões em investimentos.

Além disso, o Departamento de Defesa dos EUA financiará a construção de uma refinaria avançada de gálio com capacidade de 100 toneladas por ano no oeste da Austrália, fortalecendo a autossuficiência americana no processamento de minerais estratégicos.

“Com certeza podemos [aumentar o processamento de minerais críticos]. Temos capacidade para isso. Parte deste acordo é muito específica -um pipeline (carteira de projetos) de US$ 8,5 bilhões. Haverá US$ 1 bilhão contribuído pela Austrália e pelos Estados Unidos nos próximos seis meses, com projetos que já estão prontos para começar”, afirmou Albanese a jornalistas na Casa Branca.

Seriam três tipos de projeto: um prevê atividades conjuntas entre EUA e Austrália, tendo a empresa Alcoa como parceira, outras que são investimentos dos EUA no país para processamento dos minerais, e uma terceira iniciativa terá participação do Japão.

No último dia 9, o Ministério do Comércio da China determinou um novo controle de exportação de terras raras, que tem sido parte da disputa na guerra comercial com os Estados Unidos desde a implementação das tarifas por Trump.

O novo movimento tem como objetivo aumentar o domínio chinês sobre a cadeia de produção de itens que utilizem os minerais raros oriundos do país asiático. Com o anúncio, que tem efeito imediato, o país quer restringir o uso para fins militares, proibir cooperação não autorizada entre nações estrangeiras e atingir a fabricação de chips de alta tecnologia.

Em resposta, Trump ameaçou impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos da China a partir do dia 1º de novembro. A sobretaxa dos EUA sobre produtos chineses em vigor atualmente é de 30%.

Na mesma data, também serão aplicados controles de exportação para todos os tipos de softwares críticos, de acordo com a publicação de Trump na plataforma Truth Social.