Da Redação

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (20) que recebeu autorização oficial para iniciar a perfuração de um poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá. O projeto, alvo de intensos debates entre setores ambientalistas e o governo federal, marca o início de uma nova fronteira exploratória de petróleo no país.

Segundo a estatal, as atividades começarão de forma imediata e devem durar cerca de cinco meses. O poço, batizado de Morpho, está localizado a 175 quilômetros da costa amapaense e faz parte do bloco 59, leiloado ainda em 2013. O objetivo é verificar se há reservas de petróleo e gás em escala comercial, sem que haja produção nessa fase inicial.

A licença encerra um processo de licenciamento que se arrastava há quase cinco anos, marcado por divergências entre órgãos ambientais e a área energética do governo. A decisão também ocorre às vésperas da COP30, conferência mundial do clima que será realizada em Belém, entre 10 e 21 de novembro, o que intensifica o debate sobre o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Em nota, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, classificou a autorização como “uma conquista da sociedade brasileira”, destacando que o projeto reflete “o compromisso das instituições nacionais com o diálogo e o desenvolvimento do país”.

A exploração na Foz do Amazonas é vista pelo governo como estratégica para manter o nível de produção nacional após a esperada redução das reservas do pré-sal na próxima década. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido publicamente a iniciativa, afirmando que o Brasil “não pode abrir mão de potenciais receitas do petróleo”.

No entanto, organizações ambientais nacionais e internacionais voltaram a criticar a decisão. Para Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina, a medida representa um retrocesso. “Autorizar novas frentes de petróleo na Amazônia é insistir em um modelo que já se mostrou insustentável. O Brasil deveria liderar a transição energética, e não ampliá-la”, declarou.

Enquanto a Petrobras avança com a perfuração, o Ibama ainda não se pronunciou sobre os próximos passos do licenciamento ambiental. O resultado da pesquisa poderá indicar se o país possui, na região amazônica, reservatórios semelhantes aos encontrados pela ExxonMobil na Guiana, que transformaram o país vizinho em um dos novos polos globais de produção de petróleo.