SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O presidente colombiano, Gustavo Petro, convocou seu embaixador nos Estados Unidos para consultas após ameaças de Donald Trump, seguida de anúncio de retirada da ajuda financeira à Colômbia por “fomentar” a produção de drogas.

Embaixador Daniel García Peña já está em Bogotá, informou o governo colombiano. Nas próximas horas o governo de Petro informará “as decisões tomadas a respeito”, afirma um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores.

Neste domingo (19), Trump suspendeu pagamentos e qualquer forma de subsídios à Colômbia. Em um texto publicado nas redes sociais, o republicano acusou o governo Petro de tolerar a produção de drogas e afirmar que o presidente do país sul-americano é um “líder narcotraficante”. Sem provas, o republicano publicou que o objetivo da produção de drogas na Colômbia é a venda de grandes quantidades do produto para os Estados Unidos, “causando morte, destruição e caos”.

Horas depois, Petro rebateu as acusações do presidente dos Estados Unidos. “Você é grosseiro e ignorante em relação à Colômbia”, disse o presidente da Colômbia. “Se eu não sou um empresário, muito menos um traficante de drogas, não há ganância em meu coração”, respondeu o colombiano, nas redes sociais, em espanhol.

“Trump foi enganado por seus camaradas e assessores”, disse, em outra postagem. “Recomendo que Trump leia a Colômbia com atenção e determine de que lado estão os traficantes de drogas e de que lado estão os democratas”.

“Não estou no ramo, como você: sou socialista”, disse Petro. “Acredito na ajuda humanitária e no bem comum, e no bem comum da humanidade, o maior de todos: a vida, ameaçada pelo seu petróleo”.

A troca de acusações acontece em meio a investidas de Trump na região. O norte-americano atacou Petro depois que ele denunciou que os EUA violaram o espaço marítimo da Colômbia e mataram um pescador.

EUA FORAM ACUSADOS DE VIOLAR ESPAÇO MARÍTIMO DA COLÔMBIA

Petro denunciou a violação do espaço marítimo da Colômbia. Ele afirmou que um pescador foi morto durante uma mobilização militar no Caribe, apresentada como uma operação contra o narcotráfico.

A ação foi descrita por Washington como parte do combate ao narcotráfico no Mar do Caribe. Os Estados Unidos realizaram pelo menos seis ataques desde o início de setembro, resultando em ao menos 27 mortes. Neste ataque, foram usados sete navios e caças.

Petro argumentou que o assassinato do pescador é uma violação à soberania colombiana. “Funcionários do governo dos EUA cometeram um assassinato e violaram a soberania de nossas águas territoriais”, criticou o presidente.

“O pescador Alejandro Carranza não tinha ligação com o narcotráfico; sua atividade diária era a pesca”, insistiu Petro. “O barco colombiano estava à deriva e ativou o sinal de falha devido a um problema no motor. Estamos aguardando uma explicação do governo dos EUA”, acrescentou.

RELAÇÃO ENFRENTA PIOR MOMENTO COM O RETORNO DE TRUMP À CASA BRANCA

Historicamente aliados, EUA e Colômbia enfrentam seu pior momento com o retorno de Trump à Casa Branca. O governo dos Estados Unidos mantém navios de guerra no Caribe desde agosto e a frota atacou pelo menos sete embarcações que, segundo Washington, transportavam drogas.

Ao menos 27 pessoas morreram até o momento. Bombardeios são questionados por Petro, que denuncia violações à soberania das águas nacionais.

Neste domingo (19), o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, informou sobre um novo ataque em 17 de outubro. Bombardeiro mirou uma embarcação em águas internacionais e matou três supostos rebeldes do Exército de Libertação Nacional, grupo guerrilheiro colombiano.

Mobilização dos EUA no Caribe tem como alvo principal a Venezuela. Trump acusou Nicolás Maduro de liderar uma vasta organização de tráfico de drogas para os Estados Unidos. As autoridades venezuelanas negam veementemente e afirmam que Washington busca impor uma mudança de regime em Caracas e confiscar as significativas reservas de petróleo do país.