SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Impactado pela crise desencadeada com as intoxicações por metanol, o setor de bares e restaurantes viu as vendas recuarem 4,9% em setembro, segundo dados do índice Abrasel-Stone. Na comparação com o mesmo período de 2024, a queda foi de 3,9%, a primeira após uma sequência de três meses de estabilidade.

Presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci avalia que o mês já havia iniciado com ritmo abaixo do esperado na comparação com agosto, mês do Dia dos Pais e considerado uma data importante para o faturamento.

“Mas outros fatores também influenciaram no resultado negativo, como por exemplo, o alto índice de inflação que restringiu a renda da população, e o impacto dos casos de intoxicação por metanol, que espalhou pânico entre os consumidores e provocou uma queda na movimentação de alguns estabelecimentos”, disse Solmucci em nota.

A leitura da Stone é um pouco mais pragmática. A companhia avalia que, apesar de o mercado de trabalho seguir em bom nível, com baixa taxa de desemprego, o ritmo de geração de vagas formais perdeu tração e o endividamento das famílias é uma preocupação.

Neste cenário, a crise do metanol é vista como um “fator pontual de incerteza”, que pode ter contribuído para a retração no mês.

“Esse quadro limita a renda disponível para consumo e afeta especialmente itens não essenciais, como refeições e bebidas fora de casa. Além disso, a inflação específica do setor continua pressionada, com alta acumulada em 12 meses, o que encarece o tíquete médio e aumenta o preço”, afirma Guilherme Freitas, economista e pesquisador da Stone.

Apenas dois estados tiveram desempenho positivo em setembro na comparação anual: Maranhão e Mato Grosso do Sul, com 2,6% e 1% de crescimento, respectivamente.

As maiores quedas partiram de Roraima, com 11,5% de vendas a menos, Pará (9,9%), Rio de Janeiro e Santa Catarina (7,6%), Paraíba e Sergipe (7%).

Mato Grosso (6,9%), Rio Grande do Sul (6,5%), Rondônia (5,8%), Ceará (4,9%), Bahia (4,2%), Alagoas e Tocantins (4,1%), Pernambuco (3,9%), Espírito Santo (3%), São Paulo (2,7%), Minas Gerais (2,4%), Amazonas (1,6%), Goiás e Paraná (1,1%), Rio Grande do Norte (1%) e Piauí (0,4%) completam o quadro de quedas nas vendas.