LA PAZ, BOLÍVIA (FOLHAPRESS) – Um dia de eleições na Bolívia tem mais cara de feriado: propagandas não são permitidas, poucos carros estão autorizados a circular, o sistema de teleféricos de La Paz não opera durante todo o dia e aglomerações são proibidas. Na manhã deste domingo (19), quando as seções eleitorais foram abertas para eleger o presidente e o vice-presidente no segundo turno, o clima era de tranquilidade.

O senador Rodrigo Paz e o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga foram os mais votados nas eleições gerais de agosto, mas nenhum deles alcançou a maioria necessária para vencer no primeiro turno. Desde a Constituição de 2009, a Bolívia teve três eleições gerais em que os vencedores obtiveram mais de 50% dos votos, tornando desnecessário um segundo turno. Até agora.

Paz votou ao lado da família em Tarija, no sul do país. “O importante é que o país vote e se sinta tranquilo, que vote em quem quiser votar e que depois do dia, o presidente eleito governe e nós ajudemos a governar”, comentou.

Tuto Quiroga ainda irá votar em Cochabamba, mas ao acompanhar seu pai até a seção eleitoral, disse aos jornalistas que espera encerrar a crise econômica pela qual o país passa com o novo governo.

“Vamos todos votar, é um dia em que todos temos em nossas mãos o instrumento mais poderoso: o voto. Temos com a votação a oportunidade de acabar com 20 anos, duas décadas destrutivas, que deixaram a economia em uma crise profunda”, disse.

Ambos devem seguir para seus comitês de campanha, em La Paz, onde irão acompanhar a apuração dos votos.

Impedido de tentar um quarto mandato, o ex-presidente Evo Morales votou nesta manhã no Trópico de Cochabamba. Lá, o esquerdista disse que, em sua opinião, não há eleições no país porque “o maior movimento da história”, que ele lidera, não participa. “Eu só venho cumprir um compromisso eleitoral e democrático. Votamos, mas não elegemos presidente”, disse ele, observando que sua organização política decidiu votar nulo.

O atual presidente, Luis Arce, votou mais cedo na capital e pediu que os vencedores protejam a democracia. “Queremos que os candidatos, das duas frentes, respeitem o resultado dessas eleições, seja qual for, aqui são as pessoas que decidem nas urnas”, disse o presidente, que está rompido com Evo e desistiu de tentar a reeleição.

Arce destacou que o governo está satisfeito com a realização das eleições, e que alguns setores políticos não queriam que o segundo turno fosse realizado.

Os primeiros locais começaram a abrir às 9h e fecham às 17h (no horário de Brasília). A autoridade eleitoral não relatou até agora incidentes e um balanço deve ser emitido no início da tarde.

O presidente do TSE, Óscar Hassenteufel, destacou a importância deste dia, afirmando que será histórico por ser o primeiro segundo turno sob a atual Constituição. Ele ressaltou os desafios da democracia e pediu aos cidadãos que exerçam seu direito de voto, e aos candidatos, que respeitem o resultado.

Para a votação deste domingo, será utilizado o mesmo registro da eleição anterior, com 7,6 milhões de cidadãos na Bolívia e 370 mil no exterior convocados a votar novamente. O voto é obrigatório.

O país contará com o Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares, que divulgará informações entre 20h e 21h, no horário de Brasília. Missões de observação eleitoral, incluindo a União Europeia e a OEA, estarão presentes.

O silêncio eleitoral está em vigor desde quinta-feira (16), e há restrições como a proibição de aglomerações e venda de álcool, além de limitação a circulação de veículos não autorizados.