SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Ver um evento como esse mostra que minha filha existe.” Quem diz isso é a professora Lucia Barros, 43, mãe de Marina, 8, e Letícia, 4. Ela se refere à mais velha, que tem síndrome de Down, e à primeira edição do Interclubes Inclusivo, evento que reúne os clubes Pinheiros, Paulistano, Monte Líbano, Sírio, Paineiras, Hebraica e São Paulo Futebol Clube neste sábado (18) e domingo (19), em São Paulo.

A estreia, no Esporte Clube Pinheiros, contou com cerca de 50 crianças, jovens e adultos com deficiência sócios destes clubes. Eles iriam para a piscina fazer natação, mas, como choveu, a programação foi invertida e o público foi para um ginásio, onde praticou corrida, caminhada, lançamento de pelota e salto parado. Com a troca, a natação ficou para amanhã.

“Estou vendo meu filho como protagonista, é muito emocionante”, diz Isabella Fiorentino, que estava lá com Lorenzo, 14, jovem com paralisia cerebral, e seus outros trigêmeos, Bernardo e Nicholas. “Normalmente, crianças e adolescentes com deficiência são tratados como café com leite nos esportes, e eu entendo isso, mas é algo que sempre me incomodou. Hoje, está sendo diferente. O foco é ele.”

O Interclubes Inclusivo já nasce como uma iniciativa que terá continuidade. As próximas edições devem ser em outros clubes, e o objetivo é atrair cada vez mais gente. “O evento é uma oportunidade para que os PcDs saiam de um lugar em que, com frequência, não têm vez, para um lugar onde são o principal”, afirma Cristiana De Angelis Fiuza Lima, diretora de desenvolvimento social do Club Athlético Paulistano.

Mas Cristiana estava lá não só por liderar as iniciativas de diversidade e inclusão em seu clube. Ela também é mãe do Pedro, 12, que participou da atividade e saiu com uma medalha no sábado. Ele tem síndrome de Bohring-Opitz, uma condição genética rara que afeta o desenvolvimento de partes do corpo. “Ações como o Interclubes Inclusivo melhoram a autoestima não só de quem tem deficiência, mas de todo mundo. Hoje sou melhor por causa do meu filho.”

O evento surgiu em conversas entre sócias e sócios dos diferentes clubes e vem como uma iniciativa inédita para pessoas com deficiência -e, como disse Cristiana, também para quem não as tem. “Não imaginava que conseguiríamos organizar algo assim”, afirma Marina Resende, diretora de acessibilidade e inclusão do Pinheiros. “Agora, vamos preparar os próximos.”