SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O possível encontro entre o presidente Lula (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia, na semana que vem, deverá ser rápido e mais simbólico.

A reunião ainda está sendo acertada. Os dois irão à cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), em Kuala Lumpur, nos dias 26 e 27, e os países estão alinhando um breve encontro.

Não será um compromisso para negociar detalhes. Integrantes do Itamaraty argumentam que a retomada das negociações sobre o tarifaço já está sendo feita e cabe, na prática, mais às equipes de governo do que aos chefes de Estado.

A ideia é ter uma boa foto para “selar a paz”. Após troca de farpas públicas e a maior crise entre os dois países nos mais de 200 anos de relação, interlocutores apontam que a imagem dos dois de mãos apertadas seria importante para ambos e colocaria de vez um fim à rusga.

Se ocorrer, este será o primeiro encontro formal entre os dois. Eles só se encontram uma vez, na antessala da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), quando Trump elogiou Lula e disse que “pintou uma química” —marco para a reaproximação— e conversaram por telefone pela primeira vez na semana passada.

Desde então, os países têm dialogado. Do lado do Brasil, as negociações são tocadas pelo chanceler Mauro Vieira e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), enquanto do lado norte-americano a intermediação cabe ao secretário de Estado, Marco Rubio.

Vieira se encontrou com Rubio nesta semana. Em Washington, o chanceler voltou a pedir pela retirada da sobretaxação de 40% em cima de produtos como carne e café e levou a mensagem de que o governo brasileiro está disposto a aumentar o câmbio comercial, já superavitário para os EUA.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tem sido tema das conversas. Então motivo original para a extrataxação por parte dos Estados Unidos, o julgamento do ex-presidente foi substituído por pautas econômicas, segundo interlocutores do Planalto, e não tem sido lembrado nem pelos norte-americanos.

Única pauta sensível deverá ser Venezuela. No telefonema, Lula já pediu ao republicano que resolvesse a questão por “vias diplomáticas”, mas a tensão tem escalado na última semana, com a admissão de que Trump autorizou a agência de inteligência CIA a interferir no país.

Lula criticou a decisão na última quinta. Em congresso do PCdoB, ele defendeu a soberania venezuelana, e interlocutores pontuam que não há como escapar desse assunto. O presidente não deve, no entanto, entrar em conflito sobre o tema, dizem.