SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bar Ministrão, fechado pelas autoridades sanitárias devido às investigações sobre bebidas contaminadas com metanol, foi reaberto nesta sexta-feira (17) em São Paulo. A decisão foi atribuída à vigilância sanitária, e a reabertura foi tratada pela polícia paulista como uma decisão administrativa.

Em entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, confirmou que a polícia tem conhecimento do fato, mas ressaltou que a análise da medida não é de sua competência.

“É uma decisão administrativa que não nos compete analisar”, afirmou. Dian disse não saber se a reabertura foi motivada pelos laudos do estabelecimento e citou que a polícia tomou conhecimento “apenas da abertura, devido a uma decisão administrativa da vigilância sanitária”.

O bar Ministrão foi fechado no dia 30 de setembro durante uma operação conjunta da Polícia Civil com a Vigilância Sanitária municipal e estadual devido a indícios de venda de bebida alcoólica contaminada com metanol.

Procurada pela reportagem, a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo explicou que a Secretaria Estadual da Fazenda e Planejamento suspendeu preventivamente a inscrição estadual de estabelecimentos com indícios de irregularidades durante as fiscalizações. O objetivo da medida era conter imediatamente a comercialização de produtos, impedindo a emissão de notas fiscais e a compra ou venda de mercadorias.

“O restabelecimento da inscrição estadual ocorre após o contribuinte apresentar documentos que comprovem a regularização das pendências que motivaram a suspensão. A solicitação deve ser feita pelo portal da Sefaz-SP, e o estabelecimento só pode retomar as atividades após a reativação da inscrição. Estabelecimentos flagrados funcionando sem a inscrição ativa estão sujeitos às penalidades previstas na legislação vigente, podendo levar à cassação da inscrição”.

A Vigilância Sanitária não disse se o Bar Ministrão está ou não autorizado a vender bebidas alcoólicas.

Ainda durante a entrevista, a Polícia Civil de São Paulo afirmou que a fábrica clandestina de bebidas alcoólicas, fechada na semana passada em São Bernardo do Campo e responsável por ao menos duas mortes por intoxicação por metanol, adquiriu etanol contaminado de postos de combustível na própria cidade de São Bernardo e em Santo André, ambas na Grande São Paulo.

Artur Dian afirmou que a principal hipótese é que a fábrica tenha distribuído bebidas para a maioria dos estabelecimentos envolvidos nos casos de intoxicação por metanol.

A Polícia Civil descarta a participação do crime organizado no esquema de falsificação de bebidas. No entanto, Dian fez uma distinção, a atuação de facções como o PCC ocorre “da bomba para trás” (no fornecimento do combustível adulterado), mas não “da bomba para frente” (na produção e distribuição das bebidas em si), onde essa ligação não foi constatada.

Segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (15), o Brasil tem 41 casos confirmados de intoxicação por metanol.

Outros 469 casos foram descartados nacionalmente. Além das seis mortes confirmadas em São Paulo, duas foram confirmadas em Pernambuco, conforme a pasta.

O estado de São Paulo tem o maior número de casos confirmados de intoxicação por metanol no Brasil. São 33, segundo balanço da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgado na tarde desta quarta-feira (15). Ao todo, o estado contabiliza outros 57 casos em investigação e seis mortes registradas. O estado concentra 60,81% das notificações.

Entre os óbitos, há três homens de 54, 46 e 45 anos, residentes da cidade de São Paulo, uma mulher de 30 anos de São Bernardo do Campo; um homem de Osasco, 23 anos, e um homem de 37 anos de Jundiaí, confirmada pela prefeitura.