SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A defesa da irmã gêmea de Ana Paula Veloso, chamada pela polícia de “serial killer”, disse nesta quinta-feira (16) que o indiciamento de Roberta Veloso Fernandes é baseado em ilações e que “os elementos colhidos tentam, de forma injusta e falaciosa, imputar à investigada uma participação nos nefastos eventos que resultaram na morte das vítimas”.
A declaração, assinada pelo advogado Almir Sobral, vem um dia após relatório da Polícia Civil ver elementos que indicam a participação de Roberta nos quatro assassinatos dos quais sua irmã é suspeita. Ana Paula responde por dois homicídios em uma ação penal aberta em Guarulhos.
Em nota, Sobral diz que Roberta já havia prestado depoimento negando qualquer envolvimento no caso e que a investigação se baseia em conversas de WhatsApp com sua irmã. Para ele, isso “configura um inaceitável processo de criminalização da relação familiar e do mero contato interpessoal”.
Segundo ele, a irmã da suposta serial killer sofre acusações injustas no relatório da Polícia Civil sobre situações das quais “de fato em nada participou”.
Ele afirma ainda que a conclusão pelo indiciamento “carece de lastro probatório concreto, baseando-se em presunções e ilações que se desfazem diante da realidade dos fatos e do depoimento dela própria”.
Roberta está presa temporariamente desde julho deste ano. A defesa deve pedir a revogação da prisão temporária e o arquivamento da investigação contra ela.
O relatório final da polícia foi encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, a quem caberá avaliar eventual denúncia.
O suposto envolvimento de Roberta no caso era investigado em separado. A polícia diz ver indícios de que ela atuou direta ou indiretamente nas quatro mortes atribuídas à irmã.
As vítimas foram Marcelo Hari Fonseca, Neil Corrêa, Maria Aparecida Rodrigues e Hayder Mhazres.
Segundo Sobral, Roberta teve apenas contatos breves com três das vítimas, “denotando relação mínima e sem profundidade”. No caso da quarta, Neil Corrêa, o argumento é de que ele e Roberta nem se conheciam.
Sua irmã, Ana Paula, confessou em depoimento ter matado Marcelo e Neil, mas disse à polícia que sua irmã não participou dos crimes. Negou também ter envolvimento nas demais mortes.
A Polícia Civil afirma ver indícios de que as irmãs chegaram a negociar valores pelo assassinato. “As conversas mostram negociação de valores, compensações de dívidas entre Ana Paula e Michelle e repasse de parte do pagamento a Roberta, que chega a reclamar da divisão”, diz trecho do inquérito.
Segundo a investigação, Roberta chega a orientar a irmã em áudio a “cobrar R$ 4.000 por futuros TCCs” -termo codificado para o assassinato, de acordo com relatório final do inquérito.
Na quarta-feira (15), o delegado Halsson Ideião, titular do caso, afirmou que a Polícia Civil de São Paulo investiga se Ana Paula Veloso teve participação em uma suposta tentativa de homicídio ocorrida antes da morte de Neil Corrêa, morto em abril.