SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) fez uma operação contra uma quadrilha especializada em roubo de celulares e de alianças e seus receptadores na manhã desta quinta-feira (16). Mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos em Paraisópolis, na zona sul, e em outras regiões da cidade de São Paulo.
A operação, batizada de Conexões Ocultas, foca em criminosos envolvidos em latrocínios, no comércio ilegal de objetos roubados, e em criminosos que atuam na logística do crime, fornecendo desde armas até placas falsas de veículos.
Segundo a investigação, alvos dessa operação participaram dos latrocínios do delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior, 32, do ciclista Vitor Medrado, 46, do arquiteto Jefferson Dias Aguiar, 43, do agente da CET José Domingos da Silva, 48, e de uma tentativa de latrocínio contra um major da FAB (Força Aérea Brasileira), de 38 anos, que ficou ferido.
As equipes cumpriram 40 mandados de busca e apreensão na região central, na zona sul e também no Distrito Federal. São 36 mandados de prisão no total. Onze pessoas foram presas, e outros quatro mandados de prisão tinham como alvo pessoas que já estavam no sistema prisional. Os outros 20 são considerados foragidos.
Guilherme Heisenberg da Silva Nogueira, conhecido como Bronx, morreu na operação em Paraisópolis. Ele era procurado da Justiça, de acordo com a Polícia Civil, e integrava o esquema de receptação e fornecimento de armas de Suedna Barbosa Carneiro, conhecida como Mainha do Crime. Segundo o Deic, ele era envolvido em crimes patrimoniais como roubo moto, celular e joias.
Nogueira teria reagido quando os policiais tentaram cumprir o mandado de prisão contra ele e teria usado um revólver calibre 38. De acordo com a operação, houve troca de tiros. O resgate foi acionado e constatou a morte dele ainda no local. Nenhum policial ficou ferido.
O delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, disse que uma investigação sobre a morte do suspeito será aberta no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), “que através de toda lisura vai também apurar as circunstâncias desse fato”.
Foram apreendidos R$ 21,5 mil em espécie, 50 celulares, 11 cartões bancários, quatro notebooks, três máquinas de cartão, um tablet e jóias. Além disso, a polícia também apreendeu 13 capacetes, quatro carros e três motocicletas entre elas, duas motos alvo de queixa por roubo.
As motos estavam com placas falsas, segundo a polícia. A investigação identificou que um dos suspeitos era responsável por fazer a falsificação das placas, mas não encontrou a oficina onde elas seriam adulteradas.
Dos 36 alvos da operação, 34 já tinham antecedentes criminais, segundo a polícia. A maioria não era foragido da Justiça, como era o caso de Guilherme Nogueira.
“Esses que não foram presos, mas foram identificados, saíram da escuridão”, disse o diretor do Deic, delegado Ronaldo Sayeg, sobre bos 20 foragidos. “Nós jogamos luzes em cima deles, eles vão ficar procurados e logo, logo vão cair.”
A ação é feita após oito meses de investigações. As informações surgiram a partir de diversas prisões de envolvidos em roubos e latrocínios. A polícia identificou que havia uma divisão de funções entre vários integrantes da rede criminosa, desde o roubo até o comércio de joias.
Além de Paraisópolis, mandados de prisão foram cumpridos no Jardim São Luís e no Jardim Colombo, na zona sul, e na região central de São Paulo. Os mandados de prisão no centro, por exemplo, miram receptadores que revendiam e inclusive exportavam alguns dos itens roubados.
Entre os presos estão ao menos três africanos suspeitos de integrar o esquema de receptação e envio de celulares para o exterior. Havia receptadores também em Paraisópolis e outros endereções, segundo a polícia.
Segundo o delegado-geral, todos os suspeitos presos nesta quinta-feira por suspeita de receptar itens roubados tinham correlação, direta ou indireta, com os suspeitos de praticar roubos e latrocínios.
Policiais dizem que há, ainda, pessoas investigadas sob suspeita de terem ocupado o lugar de Suedna Carneiro, que foi presa em fevereiro no esquema criminosos. Suedna é considerada uma facilitadora: ela é acusada de financiar os assaltantes fornecendo mochilas de entrega de comida, motos e armas, além de receber os produtos roubados e repassá-los a receptadores.
Esses suspeitos de substituí-la ainda não foram alvo de mandados de prisão.
A operação conta com cerca de 170 policiais e ocorre simultaneamente na capital paulista e em Brasília, com o apoio do GER (Grupo Especial de Reação) e do SAT (Serviço Aerotático), segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
Apesar de quatro suspeitos já estarem presos, não há indício de que eles tenham emitido ordens ou se comunicando com outros investigados de dentro do sistema prisional.
Paraisópolis é a maior favela de São Paulo, com 58.527 habitantes. A segunda maior é Heliópolis, também na capital, com 55.583 moradores, e a terceira, a Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo, com 28.466 residentes.