SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou ao telefone por quase duas horas com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, nesta quinta-feira (16). Depois, como de praxe, foi à rede social anunciar que foi uma “conversa muito produtiva” e que um novo encontro entre os dois líderes deverá ocorrer em Budapeste.

A ligação foi realizada um dia antes de uma visita do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, à Casa Branca. O líder ucraniano se reunirá com Trump nesta sexta-feira (17) para solicitar ajuda militar, incluindo a possibilidade de mísseis de longo alcance, enquanto Kiev e Moscou intensificam sua guerra com ataques maciços a sistemas de energia.

Trump disse que Putin o parabenizou pelo acordo de cessar-fogo entre Israel-Hamas —sem mencionar que o plano de paz está atualmente ameaçado devido a impasses na região. “Acredito, de fato, que o sucesso no Oriente Médio ajudará em nossas negociações para alcançar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia”, escreveu o americano em um post na sua rede Truth Social.

O republicano afirmou que representantes da Rússia e dos EUA se encontrarão já na próxima semana, em um local a ser combinado. Trump designou o seu secretário de Estado, Marco Rubio, para liderar as conversas.

“O presidente Putin e eu, então, nos encontraremos em um local acordado —Budapeste, Hungria— para ver se podemos pôr fim a esta inglória guerra entre Rússia e Ucrânia”, acrescentou. “Acredito que grandes progressos foram alcançados com a conversa telefônica de hoje.”

Do lado ucraniano, Zelenski busca garantir que os EUA forneçam mísseis de cruzeiro BMG-109 Tomahawk, que colocariam Moscou e outras grandes cidades russas ao alcance de ataques ucranianos.

O republicano tem usado a hipótese do fornecimento para pressionar Putin a voltar à mesa de negociação com a Ucrânia. O russo, por sua vez, diz que se der os Tomahawk para Kiev, Trump jogará fora a reaproximação com Moscou promovida pelo americano desde que voltou ao poder em janeiro.

Isso sugere que as armas são realmente temidas pelo Kremlin, mas há uma lista considerável de óbices para sua implementação de forma efetiva pelos ucranianos.

O Tomahawk, cujo nome significa machadinha e homenageia a arma indígena americana, é o míssil mais famoso do mundo. Foi desenhado para atacar alvos na antiga União Soviética, elevando a um novo patamar o conceito de arma de cruzeiro —surgido com as bombas voadoras V-1 nazistas.

Trump fez um movimento intenso de aproximação com Putin, visando chegar a uma trégua na Guerra da Ucrânia, embora atualmente esteja numa fase de criticar o russo, com quem se diz decepcionado.

Em seu último ataque em massa, a Rússia lançou mais de 300 drones e 37 mísseis contra infraestruturas em toda a Ucrânia durante a noite de quinta-feira, segundo Zelenski. Kiev intensificou seus ataques contra alvos russos, incluindo uma refinaria de petróleo na região de Saratov atingida nesta quinta-feira.

A Rússia tem atacado as instalações de energia e eletricidade da Ucrânia por invernos consecutivos, à medida que a guerra entra em seu quarto ano.

Em seus últimos avisos à Rússia, Trump disse na quarta-feira (15) que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, havia se comprometido a parar de comprar petróleo russo, e que seu governo pressionaria a China para fazer o mesmo.

A Índia não confirmou nenhum compromisso desse tipo, embora a agência Reuters tenha informado que algumas refinarias indianas estão se preparando para reduzir as importações de petróleo russo, com expectativa de uma redução gradual, segundo três fontes familiarizadas com o assunto.

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou na quarta-feira que Washington “imporá custos à Rússia por sua agressão contínua”, a menos que a guerra chegue ao fim.