RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A norueguesa Equinor iniciou nesta quinta-feira (16) a produção do campo de Bacalhau, na bacia de Santos, o maior projeto da petroleira fora da Noruega e também o maior campo de petróleo operado por uma empresa privada no país.
Bacalhau foi descoberto pela Petrobras em 2012 em um concessão adquirida em 2000. Em 2016, a estatal vendeu sua fatia à Equinor por US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões, pela cotação atual). Hoje, a norueguesa tem parceria no projeto com a americana ExxonMobil e a sino-portuguesa Petrogal Brasil.
Por se tratar de um campo na área do pré-sal, a estatal brasileira PPSA (Pré-Sal Petróleo SA) também tem direito a uma fatia do óleo produzido. O projeto vai gerar arrecadação também para os municípios de São Sebastião, Ilhabela e Cananeia.
Seguindo a Equinor, a primeira fase do desenvolvimento do campo tem reservas recuperáveis de 1bilhão de barris de petróleo, o equivalente a 6% das reservas provadas brasileiras em 2024, de 16,8 bilhões de barris de petróleo.
A unidade de produção escolhida foi um FPSO (sigla para unidade flutuante de produção, estocagem e transferência), um tipo de navio plataforma também bastante usado pela Petrobras, que foi instalado a 185 quilômetros de Ilhabela.
Com capacidade para produzir 220 mil barris por dia, é um dos maiores do mundo, com 370 metros de comprimento e 64 metros de largura. A Petrobras recentemente começou a apostar em embarcações desse porte e iniciou as operações de sua primeira em janeiro.
“O início da produção em Bacalhau não é apenas um marco para a Equinor e seus parceiros, mas também para o Brasil”, disse em nota a presidente da Equinor, Veronica Coelho. “A mais de 2.000 metros [de profundidade], e sob alta pressão do reservatório, Bacalhau é um testemunho do que a engenharia de classe mundial pode alcançar.”
O campo também marca o início da produção no Brasil da gigante ExxonMobil, uma das empresas mais ativas na busca de reservas no país, mas que ainda não havia tido grande sucesso exploratório. Uma das sócias da Petrogal Brasil, a Galp ressaltou que o projeto tem intensidade de carbono de 9 quilos por tonelada de CO² emitido, equivalente à metade da média mundial.
A menor intensidade de carbono é uma das bandeiras da indústria de petróleo do país para defender a abertura de novas fronteiras em meio a alertas científicos sobre a necessidade de corte na queima de combustíveis fósseis para conter a mudança climática.
Organizações ambientalistas questionam as declarações das empresas, dizendo que apenas 20% das emissões do setor são geradas na produção. O restante vem do consumo pelos setores de transporte, indústria e energia.
A geração de receita local é outro argumento. No caso de Bacalhau, os royalties são destinados a duas cidades que já recebem elevados recursos da indústria do petróleo: em 2024, as vizinhas Ilhabela e São Sebastião ficaram com R$ 825 milhões em royalties e participações especiais.
Beneficiária da descoberta de Bacalhau Norte, Cananeia recebeu em 2024 R$ 14 milhões em royalties. Não teve direito à participação especial que é cobrada sobre campos com elevada produtividade.