SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O jornalista palestino Muhammad Al-Astal publicou um vídeo chorando em frente às ruínas de sua casa, no norte de Gaza.
Muhammad descreveu a destruição dos lares em Gaza como “um outro genocídio”. “[A ocupação] não só destruiu nossas vidas, como também nossas memórias foram destruídas… e não sobrou nada para o futuro dos nossos filhos”, afirma.
Ao voltar pela primeira vez para casa, o jornalista encontrou apenas escombros. Assim como ele, muitos palestinos que retornam à região não encontram nada além de destruição causada por ataque israelenses na guerra contra o Hamas.
“Esta pilha costumava ser minha casa”, disse al-Astal no início da gravação. O jornalista descreve como era o local antes da guerra: uma casa de dois andares, com cerca de 200 metros quadrados, e com um bonito jardim. “Tudo isso se tornou uma pilha de escombros”, lamenta
A casa havia sido construída pelo próprio Muhammad. Emocionado, ele conta que vivia com a esposa no local, onde casou e também criou os cinco filhos. “Não apenas nosso passado foi destruído, mas também nosso futuro. Minha esposa, nossos cinco filhos e eu viveremos sem abrigo”, diz.
“Nossa situação é como a de muitos palestinos que vivem em Gaza, mas esses momentos são dolorosos. Aquele sofá… e os quartos dos meus filhos. Meu filho, de apenas três anos, que ainda não viu nada do mundo, crescerá sem teto, deslocado e em tendas. Este é outro genocídio. A aniquilação do nosso passado e futuro”, disse Muhammad Al-Astal, jornalista da Ajyal Radio Network.
PALESTINOS EM GAZA RETORNAM ÀS RUÍNAS E À INCERTEZA
Guerra completou dois anos. Desde que o Hamas atacou Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 mil pessoas, o exército israelense iniciou uma ofensiva militar contra Gaza, causando mais de 60 mil mortes e muita destruição.
Cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrou em vigor no dia 10 de outubro deste ano. Com isso, milhares de pessoas que haviam sido deslocadas forçadamente percorreram a rodovia costeira de Gaza a pé, de carro e de carroça para retornar às suas casas. Vídeos e fotografias que circulam nas redes sociais mostram esses moradores entre os escombros do que restou de seus bairros.
Casas, empresas e bairros foram destruídos. Dados do Centro de Satélites das Nações Unidas apontam que cerca de 193.000 edifícios em Gaza foram destruídos ou danificados. Os números são de julho, e detalham que, entre os imóveis, estão 213 hospitais e 1029 escolas.
“Muito provavelmente as pessoas não têm mais documentos de identificação, nem como provar que tinham imóveis antes da crise”, disse Rubens Duarte, professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial.
Segundo Donald Trump, trilhões de dólares serão necessários para reconstruir a região. Em entrevista à Fox News, o presidente americano afirmou que os EUA vão se envolver no processo, mas que a maior parte da responsabilidade pela reconstrução de Gaza será de países do Oriente Médio, sem entrar em detalhes sobre valores.