PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio Grande do Sul divulgou um áudio que indica uma tentativa de apagar possíveis provas contra Adir Aliatti, conhecido como Prem Milan, líder da comunidade Osho Rachana, localizada na zona rural de Viamão (RS).
Prem Milan, sua filha e seu filho foram indiciados na quinta-feira (9) sob suspeita de 12 crimes, incluindo tortura psicológica e violência sexual.
No áudio, encontrado no celular da filha de Prem Milan, uma mulher fala sobre ordens recebidas por uma pessoa para encontrar um suposto vídeo que poderia prejudicar o líder religioso. Também é mencionada a presença dele com crianças em um motel.
Procurada, a defesa de Prem Milan e dos filhos declarou que “irá se manifestar sobre teor de acusações, quando formalizadas, e provas apresentadas nos autos do processo, local adequado para justificações diante de imputações criminais”.
“Ele disse que sim, que era bom a gente dar um jeito de descobrir onde está esse vídeo, que este vídeo é ruim, e ver exatamente o que é, mas realmente não é uma coisa legal o Milan estar em um motel com crianças, né, em vista desse conteúdo do inquérito”, disse a mulher no áudio.
“Ele sugeriu até a gente formatar o celular do Milan, apagar tudo o que tem lá dentro, entendeu? Tipo, ele troca de celular, pega o chip e formata. A questão é que eu acho que no celular do Milan também tem um monte de coisa importante a favor dele e a nosso favor, então não sei bem como fazer isso. Mas é bem importante que a gente ache.”
A polícia não confirmou a identidade da autora, do destinatário e de quem teria ordenado o apagamento do vídeo.
Prem Milan e os dois filhos são suspeitos dos crimes de violência sexual mediante fraude, tortura psicológica, associação criminosa, estelionato, redução à condição análoga à de escravo, exposição de crianças a constrangimento, curandeirismo, charlatanismo, crime contra a economia popular, falsificação de produto terapêutico, injúria racial e discriminação por orientação sexual.
De acordo com o inquérito, os líderes da comunidade faziam uso de pseudoterapias proibidas, como ozonioterapia retal, e realizavam rituais de cura gay.
Na semana passada, o advogado Rodrigo Oliveira de Camargo, que faz a defesa do líder religioso, disse que aguardará as conclusões do Ministério Público e que prestará os esclarecimentos necessários nos foros adequados, reservando-se a se manifestar nos autos do processo penal.
Em 2024, uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou denúncias de 16 ex-integrantes da comunidade Osho Rachana que relataram sofrer manipulação psicológica, exploração laboral, agressões físicas e outras formas de humilhação. Segundo os denunciantes, os casos eram tratados por Prem Milan como parte do processo terapêutico, que envolvia sexo, meditação e práticas bioenergéticas.
Ele negou as acusações, afirmando que todos ingressam de forma voluntária na comunidade e tinham liberdade para discordar ou deixar o local. A Polícia Civil já havia feito uma operação de busca e apreensão no local em dezembro.
A comunidade seguia as doutrinas de Osho, guru indiano que ganhou notoriedade por sua visão sobre sexo e espiritualidade.