ITAPETININGA, SP (FOLHAPRESS) – Em clima de consternação, parentes e amigos acompanharam na tarde desta quarta-feira (15) o enterro da menina Maria Clara Aguirre Lisboa, 5, em Itapetininga (a 169 km de São Paulo). O corpo foi achado no quintal da casa onde ela morava. A mãe e o padrasto foram presos após, segundo a Polícia Civil, confessarem o assassinato.
A menina do interior de São Paulo estava desaparecida havia cerca de três meses, pelo relato de familiares. Segundo a polícia, no dia da prisão, Luiza Aguirre Barbosa da Silva e Rodrigo Ribeiro Machado não tinham advogado constituído. Nesta quarta, eles estavam acompanhados por um defensor público na audiência de custódia.
No enterro, no cemitério Colina da Paz, a tia de Maria Clara, Rafaela Lisboa, cunhada do pai da menina, conta que a criança era muito apegada à família paterna.
“Ela saía muito com a Jéssica [outra tia], acho que até por isso ela não quer falar, para não ficar relembrando. Ela adorava dançar as dancinhas do TikTok. A Jéssica comprou um microfone de karaokê e foi a alegria dela. Ela era uma criança muito alegre, mesmo, com tudo. Foi depois do relacionamento da mãe dela com esse rapaz que as coisas mudaram”, conta.
Claudio Junior, tio paterno da vítima, diz que a relação da mãe de Maria Clara com a família do pai biológico era boa até o início do relacionamento dela com Rodrigo. O casal, então, começou a brigar, e Luiza pediu ajuda para a família do ex.
“Teve uma época que ela postou um vídeo do cara com ela [Maria Clara] no colo, cantando funk pesadão, aí a gente foi atrás para saber o que estava acontecendo”, diz o tio.
Eles buscaram a menina na casa dela e denunciaram o padrasto, que foi preso. “Ficou uns meses preso e não sei por que soltaram. Daí não tivemos mais contato nenhum. Ela ficou sumida. A gente tentava contato e não conseguia”, diz.
A despedida ocorreu na presença de poucas pessoas. A maioria era da família paterna, mas um pequeno grupo que se identificou como “a família da mãe” também acompanhou o enterro.
Flores e ursinhos foram levados por alguns dos presentes e colocados em cima do caixão branco, lacrado. O pai da menina acompanhou a cerimônia e não quis conversar com a reportagem.
De acordo com a polícia, por questão de segurança, os dois detidos ficarão separados dos demais a prisão é provisória.
Segundo o delegado Franco Augusto Costa Ferreira, responsável pelo caso, ainda não é possível determinar com certeza a causa da morte, por causa do estado avançado de decomposição do corpo.
Um alicate foi encontrado próximo de onde a menina estava enterrada. A ferramenta é mencionada como possível arma do crime no boletim de ocorrência.
“Nós acreditamos que tinha sido por conta de um traumatismo. Apreendemos uma ferramenta com manchas de sangue no local, possivelmente usado para agredir a vítima, mas nós só vamos saber depois que sair o laudo do exame necroscópico”, disse Ferreira.
Ainda segundo o delegado, no depoimento, eles deram a entender que a menina “já não era mais bem-vinda para o casal”.
“Eles negam a intenção de matar, dizem ter se excedido nas agressões e que a morte foi uma consequência, mas nós não acreditamos nisso. Acreditamos que eles deliberadamente, em conjunto, cada um da sua maneira, agrediram a criança. A partir do momento que essa criança veio a falecer, eles ocultaram o corpo.”