Da Redação
Com o anúncio da aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a ser alvo de uma onda de mobilização que pede a nomeação de uma mulher para o Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as vozes que reforçam o apelo estão entidades da sociedade civil e personalidades como a cantora Anitta.
A demanda tem um peso simbólico: em 134 anos de história, o Supremo contou com 172 ministros, mas apenas três mulheres — e nenhuma negra. A pioneira foi Ellen Gracie, indicada por Fernando Henrique Cardoso em 2000, que também se tornou a primeira presidente da Corte. Em seguida vieram Cármen Lúcia, nomeada por Lula em 2006, e Rosa Weber, escolhida por Dilma Rousseff em 2011. Desde então, o tribunal não recebe uma nova ministra.
Cármen Lúcia, hoje a única mulher entre os 11 integrantes do STF, deve se aposentar até 2029, quando atinge a idade-limite de 75 anos. A saída de Rosa Weber em 2023, substituída por Flávio Dino, deixou novamente o tribunal com apenas uma representante feminina — o que reacendeu o debate sobre a falta de diversidade de gênero e raça na mais alta Corte do país.
Em carta conjunta, organizações como Fórum Justiça, Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos e Plataforma Justa pediram que Lula rompa esse histórico e escolha uma mulher. “Não é por falta de excelentes nomes femininos que o presidente deixará de indicar uma ministra para a Suprema Corte”, diz o documento, que também lista 13 possíveis candidatas. Entre os nomes citados estão a presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, e a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edilene Lobo.
O movimento também ganhou força nas redes sociais. Anitta foi uma das artistas a se manifestar, afirmando acreditar que “existem mulheres mais do que qualificadas para o cargo em um país onde a maioria da população é feminina”.
Apesar das pressões, os nomes mais comentados nos bastidores continuam sendo masculinos. Entre os cotados estão o advogado-geral da União, Jorge Messias; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas; e o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho.
A escolha de Lula para a vaga de Barroso, portanto, deve ir além da política — pode representar um gesto histórico em direção à representatividade no Judiciário brasileiro.