SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Só 16% das pessoas se consideram mais animadas do que preocupadas com os avanços da inteligência artificial no dia a dia, mostra um novo estudo global do Pew Research Center divulgado nesta quarta-feira (15). Realizada em 25 países, entre eles o Brasil, a pesquisa mostra que 34% consideram a preocupação maior, enquanto 42% relatam níveis iguais de angústia e otimismo com a nova tecnologia.

O Pew Research Center, um dos principais institutos de pesquisa do mundo, entrevistou quase 9.000 pessoas nos Estados Unidos e quase 30 mil em outros países, em todos os continentes.

O Brasil está em quarto lugar entre os países com maior nível de preocupação com os efeitos IA (47% dos entrevistados), depois de Estados Unidos (50%), Itália (50%) e Austrália (49%).

Ao mesmo tempo, 37% dos brasileiros consideram ter preocupação e animação quanto à IA em níveis iguais, e 10% estão mais animados do que preocupados.

A Coreia do Sul (16%) e a Índia (19%) são onde a angústia com a nova tecnologia é menor. Em lugar nenhum, contudo, aqueles que dizem estar animados com a IA passam de 3 em cada 10.

O Pew Research Center também indagou os entrevistados se eles confiam nos governos de seus países para regular a inteligência artificial —e também se confiam na União Europeia, nos Estados Unidos e na China para fazer isso.

A maioria diz confiar muito no próprio país (55%) e na União Europeia (53%) nessa seara. Os números caem quando o questionamento é sobre Estados Unidos (37%) e China (27%); nesses dois casos, a maioria diz confiar pouco ou nada nos americanos (48%) e nos chineses (67%) para impor regras no campo da IA.

O Brasil destoa da média geral: 45% confiam pouco ou nada no governo para isso, enquanto 36% confiam muito. Um número semelhante de brasileiros diz confiar nos EUA (35%) e na China (32%), enquanto 26% dizem o mesmo sobre a União Europeia.

Os números nessa questão variam em cada país, a depender da visão local que cada população costuma ter de Washington e Pequim.

Em vários lugares, posição ideológica ou alinhamento partidário também influenciam nessa questão. Nos Estados Unidos, por exemplo, 54% dos republicanos dizem confiar no governo para regular esse mercado, contra 36% dos democratas.

O Pew Center também questionou, nos 25 países pesquisados, se as pessoas consideram que ouviram falar ou leram muito, pouco ou nada sobre inteligência artificial.

No Brasil, 22% estão no primeiro grupo; 47%, no segundo; e 30%, no terceiro. Um patamar que destoa de países desenvolvidos, como os EUA (47%, 48% e 5%) ou a França (52%, 40% e 8%). Na Índia, que tem atraído diversos investimentos internacionais de IA, 35% das pessoas dizem não ter informações sobre o assunto.

O recorte aqui tem a ver com o tamanho da economia de cada lugar. Quanto maior o PIB, maior é a fatia da população que se considera bem informada sobre o tema.

Em todos os países, os índices também são maiores entre jovens adultos, homens e aqueles que tiveram acesso à educação.

Em vários, também há uma correlação entre informação e visão positiva da IA. Na Coreia do Sul, por exemplo, 39% dos que estão muito bem informados sobre o assunto relatam otimismo com a tecnologia. Entre os que estão um pouco informados, o índice vai a 19%.