Da Redação

Nos últimos dez anos, Goiás transformou sua avicultura de postura em um dos setores mais dinâmicos do agronegócio brasileiro. Dados do Boletim Agro em Dados de outubro revelam que a produção estadual de ovos saltou 65,7% entre 2015 e 2024, subindo de 152,3 milhões para 252,2 milhões de dúzias. O avanço coloca o estado entre os principais produtores nacionais e reflete o forte investimento em tecnologia, capacitação e sustentabilidade.

De acordo com Christiane Amorim, gerente de Inteligência de Mercado Agropecuário da Seapa, o desempenho é resultado de uma ação conjunta entre produtores, entidades e governo. “Há um esforço coordenado para modernizar as granjas, digitalizar processos e capacitar equipes. O objetivo é aumentar a eficiência e reduzir perdas, seguindo o padrão das principais potências avícolas do mundo”, explica.

O impacto econômico é expressivo: o Valor Bruto de Produção (VBP) deve alcançar R$ 1,6 bilhão em 2025, um crescimento de quase 50% em relação a 2020. Atualmente, todos os 246 municípios goianos têm algum nível de produção, com Inhumas liderando o ranking e Cristalina despontando pelo crescimento acelerado.

A diversificação também tem papel importante. O estado vem ampliando a produção de ovos caipiras, orgânicos e cage-free, apoiada pela Política Estadual de Fomento à Nova Agricultura (Lei nº 22.306/2023), que incentiva práticas sustentáveis e o bem-estar animal. Segundo Amorim, essas iniciativas abrem espaço para pequenos produtores e fortalecem a agricultura familiar, especialmente com o apoio de programas como o Agro é Social e o suporte técnico da Emater.

O bom momento se reflete nas exportações: entre janeiro e agosto de 2025, as vendas externas cresceram 100,9%, movimentando US$ 2,9 milhões e quase 958 toneladas de ovos — grande parte férteis, usados em incubação. Em 2024, Goiás já ocupava a quarta posição nacional nas exportações do setor.

No mercado interno, o consumo também segue em alta. Cada brasileiro comeu, em média, 269 ovos em 2024, segundo a ABPA — um aumento de 11,2% em relação ao ano anterior. O Brasil produziu 4,6 bilhões de dúzias, consolidando-se como líder na América Latina e sexto maior produtor do mundo, conforme dados da FAO.

Mesmo com oscilações nos preços — que chegaram a um recorde de R$ 210,74 por caixa em março e recuaram para R$ 148,48 em setembro — o setor mantém crescimento firme. Para o secretário de Agricultura, Pedro Leonardo Rezende, a modernização é o segredo do sucesso:

“O FCO Rural, que liberou mais de R$ 260 milhões em financiamentos nos últimos seis anos, foi essencial para impulsionar o setor e valorizar o produtor goiano.”

A Seapa aposta agora na digitalização das granjas, com uso de sensores, automação e análise de dados para elevar produtividade e sustentabilidade. O estado também se prepara para ampliar o portfólio de produtos industrializados, como ovos líquidos e em pó, fortalecendo ainda mais o potencial exportador.

Somente no primeiro semestre de 2025, Goiás produziu 130,6 milhões de dúzias, crescimento de 7,5% sobre o mesmo período do ano anterior — um indicativo de que o ciclo de prosperidade da avicultura goiana ainda está longe de terminar.