RIO DE JANEIRO, RJ, E BARCELONA, ESPANHOL (UOL/FOLHAPRESS) – A goleada por 5 a 0 sobre a Coreia do Sul e a derrota de virada por 3 a 2 diante do Japão deram a Carlo Ancelotti algo que o treinador precisava com urgência na seleção brasileira: um time-base para a Copa do Mundo.
A menos de oito meses do início do torneio, o treinador italiano buscava uma espinha dorsal para a equipe. Nos amistosos asiáticos, conseguiu encontrar um caminho. Agora, ele tem mais dois amistosos contra Senegal e Tunísia, em novembro para tirar as principais dúvidas.
Os duelos de março de 2026, segundo o próprio treinador, devem servir para ajustar detalhes. Mas com uma lista já bem próxima da convocação para a Copa do Mundo.
COM O QUE ANCELOTTI DEIXA ESTA DATA FIFA
– Sistema de jogo
– Dupla de meio-campistas
– Opções para o ataque
– Zagueiros favoritos
O EIXO DA SELEÇÃO
Os seis primeiros jogos da gestão Ancelotti deixaram uma coisa clara: o time tem como pedra fundamental uma dupla de meio-campistas, formada por Casemiro e Bruno Guimarães.
E isso acontece em qualquer uma das variações táticas, seja o 4-2-4 ou o 4-3-3 – no segundo caso, com a companhia de Paquetá.
Casemiro e Bruno Guimarães são a aposta do treinador desde o início do trabalho, e até agora tem dado certo: o veterano do Manchester United voltou à seleção com boas partidas e exercendo uma liderança necessária.
O meio-campista do Newcastle, por sua vez, passou a mostrar na seleção a mesma importância que tem para o clube inglês, incluindo duas assistências para os gols de Estêvão, contra a Coreia do Sul, e Paulo Henrique, diante do Japão.
AS MURALHAS DEFENSIVAS
Na defesa, não há tempo nem vontade de implementar um sistema diferente, com três zagueiros ou a inclusão de alas.
No miolo da zaga, um quarteto briga pelas duas vagas no time titular: Gabriel Magalhães e Alexsandro Ribeiro disputam a posição pela esquerda; Marquinhos e Éder Militão lutam por um lugar na direita. Salvo lesões, os quatro devem ir ao Mundial, com uma vaga aberta para um quinto homem.
O CARROSSEL DO ATAQUE
As decisões e testes de Ancelotti também mostram tendências para o sistema ofensivo: uma delas é jogar sem um centroavante fixo.
Em vez de ter um jogador centralizado, o time passaria a atuar com mais mobilidade e troca de posições entre três atletas mais dinâmicos, pontas de origem Rodrygo, Vini Jr., Raphinha, Martinelli, Estevão, Luiz Henrique e até Antony se encaixam neste perfil e um jogador pelo corredor central, ajudando a conexão com o meio-campo.
Para essa função, uma vertente mais ofensiva teria Matheus Cunha, como no duelo com a Coreia do Sul. Pode ser João Pedro também. A versão mais defensiva, para ter um meio-campo mais povoado, foi testada com Lucas Paquetá, na derrota para o Japão.
É nessa posição que Neymar seria uma opção. Mas o camisa 10 do Santos está lesionado e ainda não teve um único minuto de jogo sob o comando de Ancelotti. O treinador nunca descartou o jogador, mas a intensidade de movimentação que o esquema tático exige não condiz com as últimas atuações do craque da seleção nas três últimas Copas.
NAS LATERAIS, DÚVIDAS
As laterais continuam com muitas opções ainda que nenhuma delas seja indiscutível.
Os amistosos asiáticos consolidaram Douglas Santos na esquerda. O jogador do Zenit, da Rússia, entendeu bem a função defensiva da posição, ajudando na saída de bola e sendo quase um zagueiro a mais quando necessário. Deu um passo à frente e, sem tempo para muitos testes, virou favorito a um lugar na Copa.
Na direita, há muitas dúvidas e elas aumentaram: Paulo Henrique, do Vasco, foi chamado depois dos cortes de Wesley e Vanderson, e aproveitou a chance. Vitinho, também chamado por causa das lesões, não brilhou, mas se manteve na briga.
Caso nenhum dos candidatos convença Ancelotti, há uma uma via que não foi testada: Éder Militão, que já jogou na posição, poderia atuar como lateral-direito. Mas, pela falta de tempo, a tendência é que o treinador só lance mão desta opção em uma emergência.
SISTEMA TÁTICO E FORMA DE JOGAR
As duas partidas na Ásia, apesar de terem resultados bem diferentes, consolidaram ideias importantes. Uma delas é o esquema com quatro atacantes e nenhum centroavante, usado na vitória sobre os sul-coreanos.
O 4-2-4 de Ancelotti que também pode ser chamado de 4-2-3-1 ou até de 4-2-4-0, pela ausência de uma referência funcionou bem quando houve mobilidade e variação entre os atletas mais ofensivos.
A recomposição defensiva também foi um fator primordial para a vitória diante dos sul-coreanos, e teve deficiências na derrota para o Japão.
A seleção de Ancelotti, nas palavras do próprio treinador, precisa ter um aspecto coletivo forte, e deixar que as individualidades apareçam na hora certa, para desequilibrar momentos do jogo.
O italiano não mostrou qualquer intenção de desenhar o time em torno de um jogador específico. Apesar de ter Vini Jr. como maior referência no ataque, quem brilhou mesmo na vitória em Seul foram Rodrygo e Estêvão.
A ideia de jogo do italiano é tentar manter a bola e controlar as ações no meio-campo, trocando passes e esperando o momento de romper as linhas do adversário, seja com dribles ou com passes. Daí a importância de Casemiro e Bruno Guimarães, que deram assistências e fizeram a bola circular nos ataques contra defesas em linha.