CAXIAS DO SUL, RS (FOLHAPRESS) – Mais de 500 empresas participaram, nesta terça-feira (14), em Caxias do Sul (RS), da abertura da 34ª Mercopar, maior feira de inovação industrial da América Latina.
O encontro é o primeiro após o governo dos Estados Unidos aplicar tarifas ao Brasil, fator que deve pautar negociações e discussões ao longo dos quatro dias do evento, organizado pelo Sebrae e pela Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).
“Com a questão da tributação americana e com o próprio acordo do Mercosul e União Europeia, isso traz oportunidades e algumas restrições. Em um ambiente mais incerto, a diversificação de mercados se torna fundamental”, diz Fábio Krieger, gerente de competitividade setorial do Sebrae Nacional.
A expectativa é superar os números do ano passado, quando a feira atraiu cerca de 40 mil pessoas e gerou negociações de R$ 935 milhões.
Ao todo, são 521 expositores e mais de 60 startups em uma área de 38 mil m², que inclui um espaço para rodadas de negócios, onde pequenos e médios empresários industriais apresentam propostas para compradores em encontros rápidos de 15 minutos.
“A rodada de negócios é extremamente importante porque aproxima a indústria de potenciais compradores, especialmente em um setor em que a compra não se dá em curtíssimo espaço de tempo”, afirma Krieger.
Uma novidade desta edição é um espaço inédito voltado ao setor automotivo, com a presença de montadoras como BYD, Ford, Renault e Hyundai.
De acordo com Ivan Carvalho, diretor de compras da Hyundai, a empresa busca ampliar o acesso a componentes automotivos de produção local. A fabricante coreana tem uma planta em Piracicaba, que produz cerca de 210 mil carros por ano.
“Nós estamos buscando mais independência para evitar os fatores de risco geopolítico e também para fomentar a indústria local. Outra coisa é a questão financeira, pela instabilidade do real em relação ao dólar e a outras moedas”, disse Ivan. “Tendo fornecedores locais e custos locais também, isso nos ajuda a dar um equilíbrio financeiro para a empresa aqui no Brasil.”
Segundo Ivan, a iniciativa também permite que pequenos fornecedores tenham contato com padrões de qualidade internacionais do processo produtivo da empresa. “Tem uma função de desenvolvimento da indústria também por trás disso.”
Entretanto, um desafio é a competição com o mercado externo, diz Tiago Pereira, supervisor da Multimatech, empresa de peças automotivas de Flores da Cunha que emprega cerca de 40 pessoas.
“O nosso preço de competição aqui com a China é totalmente inviável. O valor que a gente paga na matéria-prima aqui no Brasil equivale ao preço de uma peça de aço pronta, já retificada, temperada e cortada a fio, importada da China”, afirma.
Tiago destaca que o setor metalomecânico da Serra Gaúcha, como um todo, está enfrentando desafios, e a feira é uma oportunidade para abrir novos negócios e mitigar um pouco do cenário pessimista. “É marcar presença e ver o que vai acontecer”, diz.
Além da presença de indústrias de metais e automóveis, a programação abre espaço para soluções em inteligência artificial, IoT e propostas de barateamento de processos.
Entre os destaques está a Igus, empresa alemã que levou à feira componentes plásticos para robótica e linhas de automação de baixo custo.
Um de seus produtos é um braço robótico feito de plástico, que chega a custar metade do valor de um equipamento convencional de metal.
“A gente está trazendo uma série de componentes para que a automação fique mais acessível, com rápido retorno de investimento, pensando também em pequenas e médias empresas que buscam se desenvolver”, disse Rebeca Tarragô, gerente de marketing da empresa.