SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil não pode deixar gigantes de tecnologia destruírem seu sistema político e deve taxar essas empresas de forma a desestimular sua atuação, afirmou Paul Romer, ganhador do Prêmio Nobel de economia em 2018, durante evento em São Paulo.
“O Brasil não tem que ser servo desses senhores feudais. Eu proibiria seu modelo de propaganda e colocaria impostos altos. Eles possuem um modelo baseado em vigilância e manipulação da informação”, avaliou ele durante o evento Global Voices 2025, da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Romer defendeu que as economias se desenvolvem muito melhor sem monopólios, e que neste momento é necessário que governos fortes limitem o poder alcançado pelas empresas de tecnologia.
“Imagine se Elon Musk pudesse cobrar a todos pelo uso do teorema de Pitágoras? Qual seria o poder dado a ele?”, questionou. “O monopólio é algo inacreditavelmente grande”, completou.
Romer comparou a atuação das big techs ao uso do chumbo no combustível, que só foi proibido após a morte de centenas de milhares de pessoas por envenenamento.
Para Romer, o Brasil pode ter um papel de liderança na colocação de limites à atuação das big techs.
“Nesta questão de tributar o modelo de publicidade digital, o Brasil daria uma excelente demonstração para o mundo de que é possível”, afirmou. “Os Estados Unidos vão reclamar. As empresas americanas tentarão fazer com que Trump intimide o Brasil. Mas o Brasil é grande o suficiente para resistir.”
Para Romer, os Estados Unidos deverão enfrentar uma recessão nos próximos 12 meses, e o Brasil deve estar preparado para isso. “Isso por causa da incerteza relacionada às tarifas. O outro risco é que há uma bolha de inteligência artificial. Há muito investimentos indo para a IA, e isso está sustentando a economia. Mas isso vai parar, e vai causar desaceleração.”